Ser efr (Entidade Familiarmente Responsável): Investir hoje para ganhar amanhã

Constituindo a geração de lucro o principal objectivo das empresas, é necessário não esquecer que tão ou mais importante é criar valor e distribuí-lo por todos os stakeholders. E, mais do que nunca, o propósito e os valores – ou a cultura empresarial - assumem-se como um dos principais factores diferenciadores das empresas bem geridas. Neste contexto da boa gestão, a conciliação trabalho/família e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional está crescentemente a ganhar terreno, traduzindo-se numa temática fundamental para as empresas que desejam atrair e reter talento

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Constituindo a geração de lucro o principal objectivo das empresas, é necessário não esquecer que tão ou mais importante é criar valor e distribuí-lo por todos os stakeholders. E, mais do que nunca, o propósito e os valores – ou a cultura empresarial – assumem-se como um dos principais factores diferenciadores das empresas bem geridas. Neste contexto da boa gestão, a conciliação trabalho/família e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional está crescentemente a ganhar terreno, traduzindo-se numa temática fundamental para as empresas que desejam atrair e reter talento

Por Isabel de la Peña

Tal como ficou provado pela recente e ainda actual pandemia, as tecnologias permitiram que muitas empresas e negócios não sucumbissem e, inclusivamente, muitas houve até que aumentaram a sua produtividade e consequente crescimento. Todavia, e apesar desta importante transformação digital – que funcionou como um excelente facilitador tanto ao nível das tarefas como das próprias relações laborais -, é sabido que não é possível substituir as pessoas.

Adicionalmente, foram várias as lições e aprendizagens que resultaram desta crise, em particular para os líderes, os quais têm de continuar a estar particularmente atentos ao bem-estar dos seus trabalhadores nomeadamente porque nada irá ser como antes. A maior proximidade entre a liderança e as equipas não só fortaleceu o diálogo e a comunicação, como contribuiu para combater o isolamento social que o distanciamento físico provocou. Mas também funcionou como um sinal para a urgência de uma reflexão sobre a importância do desenvolvimento de modelos que permitam atrair e reter as melhores pessoas nas organizações. Continuar esta “escuta activa” do que os trabalhadores têm a dizer, fomentar o diálogo gerador de comportamentos positivos, envolvendo e comprometendo as equipas para alcançar os resultados propostos, a par de uma maior empatia e humanismo são fundamentais para uma maior conexão com os objectivos e o propósito das empresas.

A recente pandemia, com toda a sua gravidade, serviu para nos lembrar o quão vulneráveis e frágeis podemos ser, mas demonstrou igualmente que não deve haver uma vida familiar ou profissional, mas sim um vida familiar e profissional e cuidar das “nossas pessoas” deve ser o elemento mais importante e determinante na gestão de qualquer organização.

Ao longo dos últimos tempos, tenho tido o privilégio de contactar com empresas que são um verdadeiro exemplo de boa gestão das suas pessoas, sendo que as mesmas são certificadas com o “Modelo efr – entidade familiarmente responsável”.

Ser uma empresa reconhecida com a “marca efr” significa que em primeiro lugar, e na medida em que este modelo é evolutivo , existiu a necessidade de se fazer um trajecto, de trilhar um caminho.

Suportado em três normas em função do número de colaboradores e baseado no “ciclo de Deming” com diversas fases, a primeira visa um “Diagnóstico” inicial e fundamental, o qual vai permitir conhecer qual o estado em que a organização se encontra em matéria de clima organizacional. Depois desta “fotografia”, a organização estará assim pronta para passar à fase seguinte, elaborando um desenho funcional no qual as pessoas são ouvidas, desde a base até ao topo (a partir de uma amostra aleatória representativa de todos), sendo que, e em alguns casos, o mercado é igualmente escutado.

Após os resultados e elaborado um relatório sobre os mesmos, é definido um conjunto de objectivos pela gestão de topo, a qual assume o compromisso de avançar e adoptar este eficiente modelo de gestão das suas pessoas. As medidas de conciliação adoptadas são agrupadas em cinco grandes categorias: apoio à família, qualidade de trabalho, desenvolvimento pessoal e profissional, flexibilidade temporal e espacial e igualdade de oportunidades.

E, após o cumprimento destas fases, as organizações são alvo de uma auditoria, a cargo de uma entidade externa homologada (APCER, SGS ou AENOR), a qual enviará uma recomendação à “Fundación Más família”, entidade que detém a patente da marca efr a nível internacional e que, em parceria com a ACEGE em Portugal, emite um certificado final e o selo à organização familiarmente responsável (efr).

A “Fundación Másfamilia” é uma organização privada, sem fins lucrativos, criada e direccionada para apresentar soluções inovadoras e eficazes de protecção e apoio à família, especialmente dirigidas aos trabalhadores com dependentes ou ascendentes a seu cargo.

E nunca foi tão importante como agora defender e proteger as famílias e o seu equilíbrio. Foi também por isso que a ACEGE – cuja principal missão é “inspirar os líderes a viver o Amor e a Verdade” como critério de gestão”, para com isso transformar as organizações e empresas e influenciar a sociedade, estabeleceu esta parceria com a Fundación Másfamilia em Portugal.

Este modelo de gestão efr procura exactamente a transformação no interior das empresas e em organizações públicas ou privadas, fomentando uma cultura que permite esse equilíbrio entre vida pessoal e profissional, tendo em consideração a multidimensionalidade de cada pessoa e da sua família.

Em resumo, o modelo efr traduz-se num processo de melhoria contínua, agindo como um instrumento de gestão de pessoas, flexível e personalizado que permite um maior alinhamento das pessoas com a entidade em que estão inseridas, bem como o incremento do chamado “salário emocional”, estando no final orientado para a obtenção de melhores resultados. A verdade é que quando os trabalhadores estão felizes, são muito mais participativos e produtivos. Do lado da organização, os impactos são notórios e mensuráveis – através da análise da produtividade – potenciando a diminuição do absentismo, a retenção e captação de novos talentos, entre outros benefícios.

Uma prova de que este modelo funciona e é vantajoso foi a rápida resposta que as empresas efr já certificadas apresentaram logo no início da pandemia em Março de 2020, colocando, sempre que possível, as suas pessoas em teletrabalho, o qual constitui uma das principais medidas de conciliação “família/trabalho”. E são estas empresas, com um grau de maturidade e um conjunto de valores consistentes, que certamente serão recordadas por todos os seus “stakeholders”, ao mesmo tempo que transmitiram ao mercado a solidez dos seus alicerces assentes em pilares sociais imprescindíveis.

O interesse pela temática da conciliação família/trabalho tem aumentado e o número de empresas que procuram a certificação efr tem sido crescente ao longo do último ano.

Desta forma, foi realizada uma nova acção de formação a futuros “managers efr”, dirigida aos colaboradores que, internamente e nas suas empresas, irão desenvolver e implementar esta eficaz ferramenta de gestão de pessoas. Esta formação ministrada pela “Fundación Másfamilia” decorreu entre 18 e 20 de Maio, via plataforma online, com um enorme sucesso contando com a participação de mais de 20 colaboradores de 10 empresas distintas.

Para além dos resultados que se reflectiram na aprovação da totalidade dos participantes, eis alguns dos testemunhos:

Numa era em que a responsabilidade empresarial, nas suas diferentes dimensões, assume uma preponderância cada vez maior na gestão das organizações, este foi o meu primeiro contacto com o conceito de empresa familiarmente responsável. Termo que consubstancia uma vertente organizacional que me apaixona e me dá verdadeiramente prazer trabalhar, numa ótica de fomentar a conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar na organização que lidero. O balanço deste processo de aprendizagem é, indubitavelmente, positivo, na medida em que cumpre o principal propósito de uma formação: a obtenção de ferramentas práticas de grande utilidade para a componente profissional e pessoal de cada um de nós.” Sara Rego Administradora | CFO FREGOSeguros ECC + Pessoas & marketing (Brasil)

“Para nós da ECC+ Pessoas & Marketing, foi uma grata satisfação participar do Curso de Gestão da Conciliação ministrado pela Fundación MásFamilia e promovido pela ACEGE. Foram três dias de “intensas trocas”, com pessoas extraordinárias, que querem, de facto, fazer a diferença, O curso permite-nos trazer, ao mundo corporativo, um olhar mais humano e sensível às necessidades da vida pessoal e familiar” Elvisnei Camargo C. – CEO ECC+Pessoas & marketing (Brasil)

Adorei participar neste curso, apesar da Biorumo ser uma microempresa, já me consigo imaginar a tratar do processo de certificação efr de uma grande empresa. Foi uma experiência muito enriquecedora. A partir de agora vou incentivar toda a Biorumo a Trabalhar para Viver!” Elisabete Barbosa Dep. Adm./Financeiro Biorumo Consultores