Discurso João Alberto Pinto Basto

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Começo por dizer que é com muita satisfação que me sinto neste momento, a contribuir para dar inicio a uma ideia que o António Pinto Leite já há uns tempos vinha a acalentar e que é, organizarem-se almoços destes, com dois palestrantes, de gerações diferentes, a tratarem o mesmo tema.

 

Ora este almoço, embora tenha algumas características próprias do momento, é um almoço em que participam dois palestrantes, de gerações diferentes e a tratarem um tema que poderá ser chamado de “O Passado e o Futuro da ACEGE”.

 

Antes porém de dar início às minhas breves palavras, como palestrante, eu gostaria de começar por relembrar todos aqueles que participaram em Direcções da ACEGE, às quais tive a honra e o gosto de presidir e que prestaram a esta Associação relevantes e dedicados serviços, que tanto contribuíram para ela ser o que é hoje.

 

Dada a restrição de tempo a que estou sujeito, tenho de me limitar a dizer simplesmente o nome de cada um. Reconheço que é uma forma muito “seca” de o fazer. Porém, ao pronunciar cada nome, serei incapaz de não dizer silenciosamente, um sincero e amigo muito obrigado.

 

Indicarei os nomes por ordem de antiguidade, começando por:

Virgílio Teixeira Lopo, durante (1995/2000) e que Deus já tem em sua companhia.

Bruno Bobone – (1995/2006) – Que me acompanhou durante 12 anos, isto é, quase os mesmos que eu servi a ACEGE.

João Bandeira – (1995/2006) – Também membro da Direcção durante 12 anos e de 2007/2009 Vice Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Fernando Magalhães Crespo durante (1995/2000)

Jerónimo do Espírito Santo durante (1995/2000)

Roque da Cunha Ferreira durante (1995/2000)

Álvaro Cobeira durante (2001/2003)

Pedro Vassalo durante (2001/2006)

Pierre Debourdeau durante (2004-2006)

José Luís Ramos Pinheiro durante (2004/2009)

e António Pinto Leite, Nuno Fernandes Tomaz e Francisco Melo e Castro que  colaboraram comigo  neste ultimo triénio e que agora iniciam um novo mandato, liderado pelo António Pinto Leite

Não posso deixar também de referir, os dois Assistentes Nacionais Monsenhor João Evangelista Ribeiro Jorge (Assistente desde a Fundação da ACEGE até 2001, isto é, durante 50 anos)

Padre Mário Rui Pedras que iniciou esta sua missão em (2001/…)

E de mencionar ainda:

Jorge Líbano Monteiro – Secretário-geral desde 2001

Gonçalo Correia de Oliveira – Secretário-geral Adjunto desde 2006

E por fim as secretárias que por aqui passaram:

A minha filha Mafalda

A Maria Armanda

A Zézinha Galvão Lucas

E agora a Patrícia

A todos, mais um grande abraço com muita amizade e sincero agradecimento.

E como prova do nosso reconhecimento pelo seu trabalho peço, para todos eles e elas, uma salva de palmas.

Vamos lá então agora ao meu papel de palestrante.

Falar do passado e do presente da ACEGE é falar do que todos já conhecem, pois têm sido aqui regularmente informados do seu andamento.

 

O Relatório de Actividades deste Exercício, que teve a boa colaboração do Secretariado Geral, dá conta, de uma forma muito clara e concisa:

·         do percurso recente da ACEGE,

·         da situação que ela alcançou até agora

·         e dos projectos mais importantes que estão em curso.

 

Lembrei-me então, que o texto que define a VISÂO da ACEGE, sugere aos seus associados que partilhem, entre si, valores cristãos e experiências que tenham aplicado no desenvolvimento da sua vida profissional.

Julguei, por isso, ser preferível escolher qualquer coisa que pudesse partilhar com todos, enquadrada naquela passagem da Visão da ACEGE.

 

Optei então por duas facetas, chamemos-lhe assim, que tiveram importância na minha vida, que estão relacionadas com a ACEGE, e que ela me tem a ensinado a desenvolver, e a aplicar. Isto permitir-me-á mostrar alguma gratidão para com a ACEGE, e ao mesmo tempo, aflorar o seu passado e o seu presente.

Por outro lado, procurei condensar o mais possível a minha exposição para não os maçar muito, e também, para não roubar tempo ao palestrante que me segue e que todos nós muito gostamos de ouvir.

Tinha eu acabado de me inscrever como associado da ACEGE (chamava-se nessa altura UCIDT) quando me chegou às mãos, a resposta do Papa Paulo VI a uma pergunta que lhe fora feita por empresários portugueses, quando em 1967 o visitaram na qualidade de representantes da nossa Associação.


Disse então o Papa:

“Desejais saber o que a Igreja espera dos chefes de empresa cristãos, que traços particulares pretende encontrar neles?

Entre tantas qualidades que poderíamos enumerar citaremos três, que incluem mais ou menos as outras: HONESTIDADE; COMPETÊNCIA E SENTIDO SOCIAL

 

São, qualidades, que continuam hoje a ter a mesma actualidade de então e que continuam também, a assumir a maior relevância na nossa vida e na vida em sociedade.

 

O que lhes posso dizer é que a partir de então, estas três qualidades indicadas pelo Papa Paulo VI, como aquelas que devem caracterizar um empresário ou gestor cristão, ficaram para sempre, gravadas em mim.

Sabemos, que o aperfeiçoamento destas qualidades, a sua vivência e os comportamentos que advém de cada uma delas, envolvem grandes dificuldades. E digo isto, tendo especialmente presentes os inúmeros e complexos obstáculos, que qualquer empresário ou gestor tem de enfrentar na sua vida.

 

São qualidades, que para serem desenvolvidas, fortalecidas e aplicadas, exigem grandes esforços, muita força de vontade, grande coragem, e coerência. Contudo, a ACEGE, ensinou-me e fez-me ver, que só centrados em nós, ou seja, em actos e atitudes, assentes em voluntarismos pessoais, mesmo apoiados por esquemas de motivação, desenvolvidos hoje pela ciência, estes não são suficientes, para que tenhamos os comportamentos adequados, quando há que enfrentar situações que põem à prova estas qualidades. Pessoalmente, conhecendo as minhas limitações e fragilidades, não tenho qualquer dúvida em reconhecer que assim é.

 

Mas a ACEGE ajudou-me também a tomar consciência que o cristão, para quem o cristianismo é fundamentalmente a adesão à Pessoa de Jesus Cristo sabe, levado pela Fé, que Jesus Cristo o ama como ele é, isto é, com todos ao suas fraquezas e limitações, que o ama com um amor infinito e gratuito, e que só quere o seu bem.

 

É por isso que o cristão acredita que, ao pedir ajuda a Jesus Ressuscitado, que traz consigo o Seu imenso amor e a vitória definitiva sobre a morte, Ele nunca deixará de o auxiliar.

 

E como diz François de Varillon, “este Cristo Ressuscitado, (cuja Páscoa acabámos de celebrar) está continuamente a atravessar as portas cerradas da nossa mente e da nossa imaginação, como entrou pelas portas fechadas da sala onde se encontravam reunidos, cheios de medo, os 1ºs discípulos.”

A presença de Deus, e do Seu amor, no nosso dia a dia e em todas as actividades que desempenhamos, permite-nos ter com Deus uma relação feita de familiaridade e adoração, da qual nascem, a serenidade necessária e as forças precisas, para enfrentarmos as dificuldades que nos surgem. É através desta relação de amor que Deus nos convida a ter com Ele, que o impossível a nossos olhos se torna possível, graças à intervenção de Deus.

 

Quantas vezes, depois de fazermos tudo o que humanamente está ao nosso alcance, nada parece resolvido, e quando, simultaneamente, entregamos tudo a Deus, quantas vezes, não somos surpreendidos por uma solução que tudo resolve!

Outro aspecto também importante que se deu na minha vida, pode-se dizer que, de certo modo, está relacionado com o Código de Ética dos Empresários e Gestores lançado pela ACEGE. Lê-se no início do preâmbulo deste Código “ Que o Homem criado por Deus e salvo por Jesus Cristo é o princípio e o fim de todas as estruturas existentes”. E mais adiante lê-se também, que cada Homem, com características únicas e irrepetíveis, tem uma missão a desempenhar.

 

Por aqui se pode ver, a importância que tem, toda a Pessoa para Deus e a razão, que leva a pôr o primado do Homem a presidir a toda a actividade da empresa.

 

Todas as pessoas são dignas e por isso merecem respeito. Ninguém é uma coisa, um instrumento, um meio para atingir um fim. Isto não retira ao lucro, evidentemente, a importância essencial que ele tem para qualquer empresa. Ele só deixa, é de ser, o principal indicador das condições em que a mesma se desenvolve.

 

Por outro lado, foi a ACEGE também que contribuiu para eu, progressivamente, me ir consciencializando mais e ir acreditando com maior profundidade:

Que toda a Pessoa é criada por Deus, por amor e para o amor.

E que Jesus Cristo, sendo Deus, se fez homem por amor, ofereceu a Sua vida para nos ensinar a viver, e ressuscitou para que nós alcancemos com Ele a nossa plena realização.
Ao acreditarmos nisto e ao vivermos deste modo, passamos a ver este Código de Ética, não simplesmente, como um conjunto frio de regras a cumprir por dever e quase impossíveis de executar integralmente, mas sim como um código, onde o amor faz sentido, amor a mim próprio, amor ao outro e amor ao Bem Comum.

E quando digo amor, refiro-me ao amor de Deus, que é a raiz de todo o amor.

E ao dar este sentido ao Código de Ética dos Empresários e Gestores, não há dúvida que nascem em nós, ânimos novos e novas forças, que, além de nos estimularem muito, muito nos ajudam no seu cumprimento.

E termino, começando por agradecer a Deus ter-me trazido para a ACEGE, que me ajudou a aproximar mais Dele e desta forma, a amar mais e a servir melhor, a Deus e aos outros, com quem Ele se identifica.

E a agradecer também a todos os associados e amigos da ACEGE, hoje já em grande número, que ao participarem de forma tão interessada e tão empenhada nas actividades que têm sido desenvolvidas, designadamente naquelas que têm sido desencadeadas pelos vários núcleos, tanto me estimularam, e ajudaram a servir melhor ACEGE, de quem tanto recebi.

 

Bem hajam todos

E dou a palavra ao António, dizendo-lhe mais uma vez, que é com imensa consolação e a maior alegria que lhe passei o testemunho. E digo isto, porque estou certo, que se servi alguma coisa a ACEGE, ele, com a sua imensa generosidade, muita sabedoria e grande amor à Igreja, a servirá ainda melhor.

António, é tua a palavra.

 João Alberto Pinto Basto