O que é a ética?

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Do grego “ethiké” ou do latim “ethica” (ciência relativa aos costumes), a ética é o domínio da filosofia que tem por objectivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento correcto e o incorrecto. Os princípios éticos constituem-se enquanto directrizes, pelas quais o homem rege o seu comportamento, tendo em vista uma filosofia moral dignificante

Quando falamos em “valores éticos”, estamo-nos a referir a valores universais que são intrínsecos (ou deverão ser) ao Homem. Assim, e sendo o Homem o sujeito da Ética, seleccionámos 10 questões que nos ajudam a reflectir sobre os seus fundamentos básicos.

A ética questiona as acções do homem
A pena de morte, a eutanásia, a guerra, tudo isto são acções. E a ética não se preocupa com as teorias nem pretende descrever a realidade, não pergunta qual é a estrutura da matéria ou qual a origem do universo. A ética é um conhecimento prático baseado no facto de que as coisas se podem fazer de outra forma, modificando-se ou alterando-se. Todos nós cometemos acções e ela questiona por que motivo agimos de certa forma.

A ética pretende orientar a acção humana
Não pretende ser um guia de mandamentos nem uma receita para enfrentar os problemas. A ética orienta, guia, propõe, motiva, faz pensar. Qualquer homem é um caminhante incerto numa determinada história – perdido, disperso, centrado, frustrado, feliz, angustiado ou com sentido – mas sempre à procura de algum rumo, com algum interesse ou intenção mais ou menos consciente. A ética não pretende ser um conhecimento negativo, mas sim positivo e afirmativo, que nos ajuda a encontrar o que de melhor nos dá a vida. A ética ensina-nos a viver bem praticando o bem.

A ética pretende que actuemos racionalmente
A ética utiliza argumentos, critérios, teorias e conceitos. As suas ferramentas não são os gritos, as pressões, a retórica superficial ou a manipulação. A razão utilizada pela ética é deliberativa, tentando realizar a acção mais adequada mediante várias opções.

A ética é global e pretende ser um conhecimento que afecta a vida no seu conjunto

Não basta um acto isolado para classificar um homem de bom ou mau. A moral não é constituída por acções isoladas mas sim por uma conformidade permanente e profunda do homem. A ética vai para além das acções e guia-nos para uma forma adequada de estar e de viver

A ética serve para definir um bom carácter

Todos temos uma atitude perante a vida e uma forma de estar incerta no mundo. A ética pretende que o homem se vá apropriando de valores e atitudes para que viva bem e melhore a sua vida.   Esta tarefa é algo de dinâmico, uma progressão para que se atinja o maior grau de perfeição possível. Daí que o importante seja sabermos que nos podemos modificar. Por isso o homem sábio é aquele que se conhece a si mesmo.

A ética ajuda a definir os objectivos e fins das nossas vidas

O homem tem sempre projectos, sonhos, desejos, objectivos, metas e fins. A ética tem como objectivo orientar a vida humana de acordo com os valores morais, com coerência e plenitude, com maturidade e cumprimento.

A ética convida a sermos cada vez mais livres
A liberdade é condição essencial da moralidade a e a consequência dessa liberdade é sermos responsáveis pelo forma como agimos. Por isso, não nos cabe invocar apenas as circunstâncias ou o passado para justificarmos os nossos actos esquecendo a liberdade e a responsabilidade.  A ética desperta-nos, torna-nos conscientes do que fazemos e das consequências dos nossos actos.

A ética pode mostrar-nos o caminho para a felicidade

A ética convida-nos a procurar a felicidade, o fim último a que todos os homens aspiram. O problema é que a felicidade pode ser entendida de diversas formas: como bem-estar e prazer (consumo, lazer), como forma de auto-realização ou perfeição (sermos bons profissionais), como serviço aos outros (amor, solidariedade). A verdade é que a felicidade não pode ser entendida como uma situação pontual, mas algo que se vai construindo e cimentando quando sentimos que vivemos profundamente. A felicidade terá que estar relacionada com serenidade, profundidade, harmonia, amor, sensibilidade, com tudo o que possibilite a plenitude humana.

A ética é saber aceitar os outros

A ética não pode existir sem a aceitação, a simpatia, a compaixão e a justiça perante os outros. E é por isso que o homem não pode atingir a riqueza ou satisfazer as suas necessidades à custa dos outros.

A ética utiliza regras mas não se limita por elas, pois as regras servem para atingir fins

As normas têm um fim que é o que justifica o seu cumprimento e o seu sentido é apreendido dentro de determinados contextos. Aprendemos a viver com normas através das instituições, da comunidade, das tradições e através de outras pessoas que nos ajudam a progredir na arte dessa prática. Por isso aprendemos mais do que o que está inerente a essas regras e também não podemos viver sem elas. E a verdade é que a criatividade não nasce espontaneamente senão estiver baseada em regras.

Veja também:
Reflexões sobre a ética
A “ética dos máximos”
Adaptado de “100 perguntas sobre a ética na empresa”, de David  Álvares Rivas e Javier de la Torre Díaz