Escrever regularmente no Diário de Coimbra é um enorme gosto mas é também uma grande responsabilidade. Escrever enquanto coordenador do Núcleo de Coimbra da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores, traz um peso acrescido. Nesta conjuntura, este desafio toma-se ainda mais delicado mas a verdade é que os temas centrais da missão da ACEGE defesa dos valores do trabalho, da ética, do equilíbrio profissional e familiar e do “amor ao próximo como critério de gestão” – são hoje valores cada vez mais essenciais para a criação de uma sociedade justa e mais solidária. Neste enquadramento, afinal, escrever quinzenalmente umas notas de reflexão, poderá ser menos difícil. Face ao estado do país, hoje pergunta-se: o que podem fazer os empresários e gestores num ambiente tão adverso? A verdade é que nunca como agora a responsabilidade de quem gera emprego e de quem o mantém, foi tão alta. Conhecer a ACEGE e conhecer a doutrina social da igreja e os seus valores, não é só, por si, uma garantia do cumprimento das obrigações e do respeito pelo próximo. Mas ajuda. Num momento em que muitos estão mais preocupados em “apontar o dedo”, em criticar e em ser “inflexíveis ao erro e à omissão”, conhecer os limites, a ética, a responsabilidade social do trabalho, torna-se essencial. É por isso que, ser “gestor ACEGE” não é o garante de tudo bem-fazer e de se estar imune a erros ou omissões, mas é sem dúvida uma ajuda essencial para nos aproximarmos sobre o que deve ser hoje o papel de um gestor e empresário com responsabilidade crítica. Falar (neste caso, escrever) é fácil; difícil é pôr em prática. Concordo, direi eu, mas vim encontrar na ACEGE um conceito em que nos obrigamos a perguntar frequentemente se estamos a cumprir o nosso papel na sociedade. Desde que me envolvi há poucos meses na ACEGE, tenho procurado desenvolver este “exercício”. Precisamos de parar para pensar no trabalho (seja qual ele for e seja este, remunerado ou não) para o melhorarmos. Não se espera com isto resolver todos os problemas mas a perceção da sua existência, a reflexão sobre o comportamento individual, a necessidade de partilhar experiências e de ter a noção de que todos temos de melhorar e de que todos fazemos parte das soluções, é crítico para a melhoria contínua. E entendendo que, sem os outros, nada se consegue. Até parece obvia. Difícil? Termino com uma citação da CARTA ENCÍCLICA «CARITAS IN VERITATE» de Bento XVI: O amor – «caritas» – é uma força extraordinária que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz. Eu ainda não estou lá mas ter a consciência disso mesmo, é o começo do caminho. Gonçalo Lobo Xavier – in, Diário de Coimbra, 22/01/2013 |
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