Prof. Doutor João César das Neves No contexto do Programa AconteSER, Liderar com Responsabilidade programa que a ACEGE vem desenvolvendo desde 2011, foi um grato prazer o de rever no Porto o palestrante Prof. Doutor João César das Neves numa abordagem nova sobre o tema da conferência, e em feliz coincidência pela première de apresentação do seu novo livro sobre o tema em análise:
“Os Princípios da Económica Social da Igreja“ – Na Carpintaria de Nazaré Neste livro, que estava em gestação há muitos anos, o Professor apresenta a vertente Económica da Doutrina Social da Igreja, fazendo uma abordagem sistemática e coerente da vastidão dos problemas económicos e sociais à luz dos ditames da riquíssima DSI, que tão bem conhece, enaltecendo que “ foi com esperança que ele foi escrito, com os olhos postos na carpintaria de Nazaré ”. A maravilha da doutrina social da Igreja É curioso que poucos cristãos se dêem conta do valor que têm, e o usem no dia-a-dia. 1. Declaração Nenhuma outra instituição humana, com esta abrangência e dimensão, alguma vez definiu princípios tão claros e operacionais em tema tão central: Nas escolas de pensamento há muitas formulações de pensadores, mas o que aí sobra em elaboração costuma faltar em consenso: O problema é sempre de autoridade: A Igreja, desde o princípio que ela sempre cuidou de estabelecer os seus textos fundamentais, os seus credos definitórios e até a linha pessoal de sucessão apostólica que ligava o bispo do momento ao colégio originante: 2. Coerência Existe uma diferença fundamental face aos autores das outras orientações, que pode passar despercebida. Nenhum destes escritores católicos pretendia, ao escrever, ser um gerador de uma doutrina social. A sua finalidade era traduzir essa doutrina, que consideravam como definida pelo Espírito, para as condições particulares do seu tempo. Podem considerar-se mais como tradutores do que como autores. A atitude é portanto completamente diferente das encontradas nas outras teorias e doutrinas sociais. Este ponto é decisivo, e muitas vezes esquecido: « a doutrina social da Igreja não depende das diversas culturas, das diferentes ideologias, das várias opiniões: ela é um ensinamento constante, que “se mantém idêntica na sua inspiração de fundo, nos seus ‘princípios de reflexão’, nos seus ‘critérios de julgamento’, nas suas basilares ‘directrizes de cação’ e, sobretudo, na sua ligação vital com o Evangelho do Senhor”(SRS 2). Neste seu núcleo principal e permanente a doutrina social da Igreja atravessa a história, sem sofrer os condicionamentos e não corre o risco da dissolução » (CDSI 88). Deste modo se explica, aliás, um dos traços mais estranhos e marcantes desses textos, a enorme densidade de citações: Qualquer uma das encíclicas mencionadas, bem como a Cidade de Deus de S. Agostinho, a Suma Teológica de S. Tomás ou outras obras afins, estão continuamente a referir textos bíblicos, sentenças de Padres da Igreja ou encíclicas anteriores. No limite encontramos o Compêndio de Doutrina Social da Igreja, publicado pelo Pontifício Conselho «Justiça e Paz» em 2004, quase só feito de citações, em, todos estes casos, parece que o autor procura fundamentar em autoridades cada passo que dá. Ora é precisamente isso mesmo que ele pretende fazer.
Uma das principais consequências intelectuais desta atitude é a intensa coerência que encontramos ao longo dos 2000 anos de doutrina social da Igreja ou, olhando apenas para o período mais recente, nas atribuladas décadas desde 1891. Esta posição de fundo, marcadamente diferente de todos os outros autores de filosofia social, advém daquilo que o Senhor disse no Evangelho: « todo o doutor da Lei instruído acerca do Reino do Céu é semelhante a um pai de família, que tira coisas novas e velhas do seu tesouro » (Mt 13, 52). 3. Intervenção Muito mais do que um corpo doutrinal, ela é um guia de acção concreta que milhões de pessoas ao longo dos séculos utilizaram como linha de vida. Como nas ciências práticas, a finalidade não é simplesmente conhecer a realidade, mas intervir sobre ela. Na frase famosa de Karl Marx « os filósofos só interpretaram o mundo; trata-se agora de o mudar » Marx, Karl (1845) Teses sobre Feuerbach, nº11. Se há coisa pela qual a Igreja seja conhecida é pela sua acção social: Isto significa também que o local onde mais se vive a doutrina, não é a universidade, mas o confessionário. 4. Conclusão Quem a pode usar tem enorme vantagem face aos outros, obtendo aí uma indicação clara e perspicaz sobre temas decisivos da nossa vida. O Magistério tem feito enormes esforços para argumentar, aprofundar, actualizar e divulgar a doutrina. Em geral, os cristãos esquecem, ignoram e até desprezam o tesouro que aí tem. Ao Bom Amigo o nosso obrigado pela brilhante palestra, carregada de uma força espiritual exemplar e que muito agradou os presentes. Bem-haja! ACEGE – Núcleo do Porto |
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