POR GABRIELA COSTA
O Portal VER foi publicamente lançado no dia 20 de Dezembro, numa cerimónia realizada na Associação Comercial de Lisboa, que reuniu várias personalidades da sociedade portuguesa que integram o Conselho Editorial do projecto, a que se juntaram os orgãos de gestão do portal, associados da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores, parceiros e amigos.
A sessão de abertura esteve a cargo de João Alberto Pinto Basto, presidente da ACEGE, e do presidente do Conselho de gerência do VER. Feitos os devidos agradecimentos a parceiros institucionais e de conteúdos do portal, José Roquette defendeu a importância do novo orgão de informação online focado na promoção e defesa dos valores da ética e da responsabilidade social (RS), enquanto veículo dinamizador da sociedade civil. Essa é a maior ambição do projecto, que está organizado de modo a “permitir o acesso sistematizado a um conjunto de questões que têm estado dispersas”, disse, acrescentando: “assumimos clara e objectivamente que estas questões têm de transcender os momentos políticos. Para tanto, uma equipa dedicada colocou no VER “todo o empenho e envolvimento que um projecto desta natureza requer”.
José Roquette assume mesmo uma missão de “dinamização profunda e sentido de responsabilidade alargado dos portugueses em relação às questões nacionais” (às quais “não damos a devida atenção”) para o novo projecto online. Concretamente, o VER pretende “abrir horizontes aos portugueses que têm dificuldades em traçar projectos de vida”, na consciência de que essa construção “não é fácil”, disse.
O portal arranca com o apoio de uma rede estruturada de parceiros institucionais e de conteúdos, traçando uma meta de dois anos para atingir um equilíbrio financeiro independente destes apoios, ou seja, auto-sustentando-se.
Informação de referência
O director do portal VER, Jorge Líbano Monteiro, fez a tour de apresentação do novo site, destacando a sua navegabilidade, que possibilita o acesso a um conjunto de informação actual e documentação pertinente sobre cada temática abordada. Como explicou, o objectivo é tornar o VER num serviço de referência nas áreas – transversais a todos os sectores de actividade – da ética e RS, serviço esse que se dirige, antes de mais, à comunidade empresarial, mas que se quer alargado à sociedade civil, através do seu envolvimento em projectos de interesse nacional, concretos mas abrangentes.
Por outro lado, e a exemplo do que sucede na primeira Grande Entrevista mensal, dedicada a José Roquette, em alguns artigos de fundo o utilizador terá oportunidade de fazer uma leitura rápida do tema em análise através de um plano curto do artigo que poderá, depois, consultar na íntegra. Para além da entrevista mensal, o portal disponibilizará regularmente colunas de opinião, bem como papers de especialistas e temas a debate, na área do fórum. Outros contributos interactivos disponíveis no portal são os blogs, mais um veículo para tornar o VER num “espaço de debate”. Semanalmente (à 4ª Feira), utilizadores registados, parceiros e associados da ACEGE recebem a newsletter do VER, com os principais artigos e opiniões da semana.
Mobilização é prioritária
No âmbito da cerimónia de lançamento do Portal VER, teve lugar um almoço-debate dedicado à temática “A Sociedade Civil e a Urgência da Mudança”. Dando início à discussão, José Roquette sublinhou a importância de “desinstalar os portugueses”, mobilizando-os para as questões de solidariedade social. Num país em que as grandes questões nacionais “deviam ser tratadas com mais seriedade e dignidade”, Roquette acredita que é essencial avaliar até que ponto o interesse “na nação e no povo que somos” é valorizado e pode transformar-se em projectos de desenvolvimento e modernização económica. Neste contexto, a mobilização dos cidadãos é prioritária e o VER surge com “responsabilidades claríssimas” no contributo que poderá dar à sociedade portuguesa, ao trazer a público as temáticas da ética e da RS.
Opinião idêntica tem António Barreto que, dirigindo-se a toda a equipa do portal, afirmou: “não desistam, insistam e persistam neste projecto, que poderá ter um papel importante para a solidariedade social em Portugal”. Defendendo que o reconhecimento dos direitos sociais é fundamental num Estado de Direito, o sociólogo constatou, no âmbito da sua intervenção que a actividade solidária no nosso País “é escassa e depende, muitas vezes, de financiamento estatal”. Na sua opinião, o sector recorre pouco ao voluntariado (“a ausência de disponibilidade para acções voluntárias faz imensa falta”, disse) e tem uma “auto-organização deficiente”.
Conhecedor da realidade social do País, o autor do programa da RTP “Portugal, Um Retrato Social” alertou para a premência de se encontrarem novos sistemas de apoio aos fracos, lembrando que “são as empresas, os empresários e os afortunados quem melhor pode encontrar soluções novas para Portugal”.
Laços virtuais
Contra a solidão e o isolamento que caracterizam a sociedade contemporânea, resta o sentimento individual de cada um pela vida em comunidade, arrisca o director do Público. Numa altura em que as pessoas “já não se conhecem”, a possibilidade de estabelecer laços na Internet é uma forma de retomar esse sentido comunitário. Apesar de já existirem muitas redes virtuais, quando se trata de reunir grupos de pessoas ”que permitam encontrar pistas de reflexão para viver eticamente”, as comunidades nunca são demais.
Citando o livro “365 Ways to Change the World – How to make a better world everyday”, de Michael Norton, José Manuel Fernandes recordou que um comportamento ético passa, mais do que por acções como poupar combustível, pela constituição de núcleos de indivíduos que trabalhem em conjunto, em prol de um mundo melhor. Neste caminho de ajuda ao próximo, “o que falta, muitas vezes, é o primeiro estímulo”, conclui. Afinal, quantas pessoas estariam disponíveis se fossem envolvidas nas oportunidades?
Perante a necessidade de “multiplicar os pontos de entrada neste mundo” mais correcto, José Manuel Fernandes constata que, infelizmente, quando alguém quer “fazer o bem, defronta-se inevitavelmente com alguma dificuldade”.
Nesse contexto, o director do Público encontra no VER “um primeiro passo muito importante” para a consciencialização de empresas e sociedade civil, razão pela qual afirma, na qualidade de membro do Conselho Editorial do portal: “assumo a co-responsabilidade de tentar alargar o projecto não só aos empresários, mas também aos colaboradores das empresas e à sociedade em geral”.
https://acege.pt/Lists/docLibraryT/Attachments/89/hp_20071126_VERdinamizaProjectosNacionais.jpg