“Se esta é a maior crise que já vimos, não tem de ser a pior”, vaticina César das Neves

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Apesar de sublinhar que ninguém sabe o que vai acontecer, o economista João César das Neves considera que a crise económica resultante da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 terá “um impacto imediato terrível, mas passageiro”. E, apesar de o mundo ficar “um bocadinho mais pobre, um bocadinho mais endividado, um bocadinho mais injusto e um bocadinho mais medroso”, em 2022 tudo deverá estar resolvido. Esta é, pelo menos, a esperança que o acompanha, a qual, e como explica na “aula” que deu à audiência, é diferente do optimismo
POR HELENA OLIVEIRA

“Esta crise é completamente diferente das anteriores. Desta vez a culpa não é da ganância, da estupidez, dos maus, mas de um vírus, de um inimigo invisível que nos paralisa a todos. A coisa mais parecida com isto aconteceu há 100 anos, com a gripe espanhola de 1918, e uma crise económica com esta dimensão só aconteceu durante a 2ª guerra mundial, que acabou há 75 anos. Portanto não há ninguém vivo que se lembre de uma coisa como esta. E no meio disto a ACEGE quer construir a esperança. E como podemos fazer isso?”

Foi assim que o economista e professor João César das Neves deu início à sua palestra como convidado do ciclo de conferências promovido, desde o início da crise pandémica, pela ACEGE, o qual o VER tem vindo a cobrir. E foi também com a explicação sobre a diferença entre optimismo e esperança, e socorrendo-se de um analogia do desporto, que afirmou que o primeiro é “achar que vamos ficar todos bem e que a nossa equipa ganha o jogo” ao passo que a segunda implica a não importância dos golos que se marcam, mas sim o que o árbitro pensa da nossa forma de jogar e de como nos comportamos em campo.

Recordando o que o então ministro das Finanças, Mário Centeno, a 6 de Fevereiro último, afirmava com orgulho face ao crescimento económico de Portugal ao longo de 23 trimestres seguidos e depois, mais tarde, sobre a consagração do equilíbrio do Orçamento de Estado (OE) – e mesmo estando já a economia a cair, ainda sem vírus, mas com uma quebra nas exportações -, o economista sublinhou, e não sendo esta um crítica ao ex-ministro, de que de acordo com as previsões do próprio governo e já com a epidemia em campo, a nossa recessão será na ordem dos 6,9%, um valor mesmo assim menos negro face às estimativas da OCDE, que apontam para valores recessivos na ordem dos 9,5%. Tudo isto porque caiu uma “trovoada em cima de todos nós”, sem par na história, que destroçou completamente as nossas certezas e que em nada se parece com outros eventos anteriores igualmente complexos, como o 25 de Abril ou o 11 de Setembro.

Para César das Neves, esta ocorrência chama-se, no direito anglo-saxónico, “an act of God”, e que, antes de mais, devemos encará-la como “um mistério, uma intervenção divina na Humanidade”, não nos competindo saber o porquê, mas não esquecendo que “tudo o que Deus faz é para a nossa salvação”. E foi com uma frase retirada do Evangelho de S. Marcos – “Fora do homem não há nada que, entrando nele, possa torná-lo impuro; mas o que sai do homem, isso o torna impuro” – que daria início à sua percepção do que está a acontecer, servindo esta como mote para a sua intervenção. Ou seja, “a crise económica que estamos a viver não nasce do vírus, mas sim das medidas que estão a ser tomadas, como confinamentos e quarentenas, que destroem a economia” e é também por isso que esta crise é completamente diferente das outras, pois “não houve um choque económico ou financeiro, não houve uma subida do preço do petróleo, não houve falências bancárias, não houve maus anos agrícolas, nem conflitos ou bloqueios”.

Como é seu costume, João César das Neves, faz um “enquadramento histórico” dos vários “tombos” dados pela economia, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. “Desde 1945, o produto mundial caiu apenas uma vez – em 2009 e menos do que 0,1”, o que contrasta com as previsões para 2020 feitas pelo Fundo Monetário Internacional, que estimou, em Abril último, uma queda de 3%, com a OCDE a ser mais pessimista e a recorrer a um intervalo entre 6% a 7.6% e o Banco Mundial a “apostar” nos 5,2%, o que se traduz em valores 20% a 30% maiores, em termos de produto global, face à Segunda Guerra Mundial. Particularizando o caso português, o economista relembra que o país já assistiu a várias quedas – 5,1% em 1975 e com a crise do 25 de Abril – e, a maior de todas, nos quatro anos que se seguiram à crise financeira, a qual entre o primeiro trimestre de 2008 e o quarto trimestre de 2012 apresentou uma queda de 9,7%. Este ano, e voltando às estimativas, a recessão económica prevista pela Comissão Europeia é de 6,6%, de 6,9% para o governo, de 9,5% para o Banco de Portugal e entre 9,4% e 11,3%, para a OCDE.

Importante é igualmente o facto de esta crise ser “muito injusta”, com os pobres a sofrerem mais do que os ricos. Como diz, “os pobres não têm poupança para se defenderem, vivem em condições onde o confinamento é muito pior do que nos nossos apartamentos agradáveis, trabalham em sectores que não permitem o teletrabalho e, portanto, perderam completamente os rendimentos, caindo até muitas vezes pelas malhas dos programas de apoio, pois são muitos os que não têm identidade jurídica ou cidadania, não conseguindo ser ajudados”.

Crise forte, mas curta

Afirmando que “se esta crise é a maior que já vimos”, mas que não tem, necessariamente, de ser a pior, pois depende muito do que for feito, César das Neves caracteriza-a e acredita que, em primeiro lugar, “vai ser curta e o mais provável é que a economia portuguesa, daqui a um ano e ‘picos’ esteja já a recuperar”. Em segundo lugar e a seu ver, um outro factor importante é o de que, na sua causa, “a crise une-nos”, no sentido de que o vírus é alheio a todos e, por último, “é muito importante saber lidar com ela”, frisando que a sua cura está bem definida pela ciência económica – que há muito sabe como lidar com espirais recessivas -, residindo a dúvida no facto de a mesma vir a ser aplicada ou não.

Então o que se pode esperar ou como se pode ter esperança? Claro que, diz, “um choque desta dimensão e com estas características é sempre negativo”, e mesmo existindo alguns sectores que estão a ganhar, o efeito dominante é mau. “Este choque negativo irá acarretar, em muitas empresas saudáveis e rentáveis, um endividamento causado pela interrupção das suas actividades e por todos os custos que lhe estão associados”. E, acrescenta, se no início a questão era a da liquidez, porque não havia transacções durante o confinamento, nesta segunda fase o problema passa a chamar-se solvibilidade, ou “o peso da dívida que vai ser arrastado por empresas perfeitamente saudáveis que podem até morrer”. Mas, insiste, “o impacto vai ser curto” e, “em 2022, tudo estará resolvido”, apesar de o mundo ficar “um bocadinho mais pobre, um bocadinho mais endividado, um bocadinho mais injusto, um bocadinho mais medroso”.

O problema está, mais uma vez e porque já passou a fase de confinamento, no que vamos fazer com isto –“o que sai do homem” – e no que vai ser construído, sendo necessário olhar para duas forças, que já vinham de trás e que vão ser perturbadas por este choque. E depois de recapitular os cinco períodos de expansão económica do país, num período que começa, em 1978, com a AD e termina, no quarto trimestre de 2019 e já com António Costa, com um crescimento de 2,1%, o economista sublinha assim que o período pré-Covid traduz-se na mais lenta expansão da nossa história, sendo contudo e obviamente positivo o facto de que estávamos a crescer “antes de cair esta trovoada”, mas muito pouco. E porquê? E é aqui que entram as duas forças anteriormente mencionadas.

A primeira força é o que podemos chamar de globalização, diz. “Portugal é uma economia aberta, pertence ao clube mais rico do mundo e as várias dinâmicas que temos tido desde que entrámos, em 1986, para a actual União Europeia tem levado a um crescimento significativo”, explicita, acrescentando que as exportações e o turismo têm sido as grandes molas deste salto. Como afirma, a pertença à Europa tem-nos obrigado a ser bastante democráticos e bastante formais, temos tido uma quantidade enorme de ajudas financeiras, mas não só, temos também tido regras e mecanismos, bem como instituições, ou seja, “ a União Europeia ordenou-nos, orientou-nos, estruturou-nos”. E é sobre a globalização – “esta força que é brutal e dinâmica” que vale a pena reflectir.

A segunda, “infelizmente negativa, é o corporativismo”, diz. Afirmando que nosso sistema está capturado por forças instaladas que prendem a dinâmica, o que resulta no tal “crescimento que é bom, mas magrinho e medíocre, o que é mau”, o também professor de Economia considera que “estamos a crescer pela globalização e a atrasarmo-nos pelo corporativismo”.

Salvaguardando que as forças instaladas “não são más”, mas sim boas e que correspondem a grupos importantes da população, dinâmico e criativos, o problema reside “no poder desmesurado que têm em relação á sua importância”. E todos sabemos quem são, garante. “São os médicos, são os professores, são as câmaras municipais, são as construtoras, são os serviços de infra-estrutura variados, desde as comunicações até às dinâmicas dos correios”, ou seja, uma quantidade enorme de entidades “que se acham o país” e “que recebem do Estado muito mais do que merecem”. Assim, e a seu ver, o sistema está bastante esclerosado e apesar de não estarmos perante uma situação de corrupção, existe um “enviesamento institucional”. E o que tem de ser analisado em termos de impacto da pandemia é como esta irá afectar estas duas forças, “mesmo sabendo que amanhã tudo pode mudar outra vez”.

Os pilares de uma globalização que já está em recuo e o bem comum que prejudica o bem privado

Não resistindo a mais uma lição de história, César das Neves, afirma que, quando fala na globalização, e na sua “dinâmica majestosa, talvez a maior que o mundo já viu”, gosta de sublinhar cinco pilares.

O primeiro é a inovação financeira, que “aconteceu” em 1977 quando Lewi Ranieri, da Salomon Brothers, “inventou a securitização dos créditos” e deu origem “à abertura de novos produtos financeiros”. O segundo, “mais visível e talvez mais importante”, é a abertura política: a eleição, em 1978, de Deng Xiaoping, para presidente do comité nacional do partido comunista chinês e a também eleição, em 1985, de Mikhail Gorbatchov, para secretário-geral do partido comunista da União Soviética; a queda do muro de Berlim em 1989; as tecnologias de informação quando, em 1989, Tim Berners-Lee inventou, no CERNE, a tecnologia web que viria a dar origem à Internet e a outros desenvolvimentos tecnológicos; a energia quando, em 1997, uma empresa americana chamada Mitchell Energy, descobriu a primeira fractura de xisto que permitia extrair o gás e o petróleo de xisto, revolucionando o mercado do “ouro negro” e baixando brutalmente os preços da energia; e, o último dos cinco pilares – talvez o mais importante de todos -, quando em 2003, o Human Genome Project anunciou a descodificação do genoma humano, revolucionando a medicina através de um conjunto significativo de novas curas e novos tratamentos.

Ou seja, num período de cerca de 25 anos, “tivemos avanços nas finanças, na política, na informação, na energia e na medicina”, com um impacto enorme, “com as cadeias de valor a espalharem-se pelo mundo, o mesmo acontecendo com as empresas, e com muitos países pobres a serem arrancados da pobreza e a serem eles os maiores beneficiados. Com a linha da pobreza a traduzir-se em 3,2 dólares por dia, João César das Neves recordou que, em 1981, na Ásia Oriental, e que inclui a China, a taxa de pobreza era de 94% face aos 8% da actualidade e que, no mundo inteiro, a mesma passou de 57% para 26% em 2015, o último ano para o qual existem dados. Ou seja, em cerca de 30 anos, a pobreza passou para metade, o que é “algo absolutamente único na história pois nunca tinha anteriormente acontecido”, provocando “uma melhoria espantosa nos níveis de vida de todos nós mas, em particular, dos pobres”.

Todavia, alerta, e ao contrário do que possamos pensar, o vírus SARS-CoV-2 “não entrou no mundo globalizado, porque já estamos na sua inversão”. Com o 11 de Setembro de 2001 e o ataque às torres gémeas, “acabou o mundo complacente, sem barreiras e convencido que tudo estava a correr bem”, diz, acrescentando que a geoestratégia da abertura anteriormente mencionada começou, nessa altura, a ter sucessivos recuos. E dá novos exemplos: a falência do Lehman Brothers, em Setembro de 2008, que lançou a crise financeira global e a desconfiança face aos “tais avanços financeiros”, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, em Novembro de 2016, que iria originar uma época de proteccionismo, de quebra de acordos, de recuos na cooperação, de tensão internacional e, regressando a 2006, o lançamento do filme que viria a dar o Nobel da Paz a Al Gore – An Incovenient Truth – e que “introduziu” o fenómeno das alterações climáticas. Ou seja, e como explica, “há já muito tempo que a globalização está ensombrada pelo aquecimento global e pelo medo que temos da destruição do planeta”, e “já não somos um mundo optimista, não somos um mundo aberto, já somos um mundo em recuo”. Para o economista, contudo, e apesar de ser habitual culpar a globalização de todos os males, e mesmo sabendo que esta tem efeitos negativos, o que há a fazer é “corrigi-los” e não dizer que “queremos acabar com ela”, pois se isso acontecer, “iremos todos sofrer horrores”.

Afirmando que “as lições da história são muito poderosas e que é provável que o consigamos evitar”, João César das Neves frisa que “é neste quadro, de uma globalização que já está em recuo, que a epidemia Covid-19 aparece”. E qual é o impacto? Como já referido, a seu ver, “o impacto imediato é terrível, mas passageiro”. O que não é importante, porque, e mais uma vez, o problema é o que acontece depois, “pois é o que sai do homem que o torna impuro”.

Com esta crise, “a queda do comércio internacional foi enorme, várias zangas se agravaram, em particular a mais importante entre os Estados Unidos e a China e começa-se a falar das ‘travel bubbles’, o que significa que estão a ser formados clubes de países, que têm relações entre si, que confiam uns nos outros”, o que vai provocar não uma abertura global, mas sim “bolhas de comércio, de viagens, de vários países”, fenómeno negativo que Portugal está já a sofrer na pele, com a entrada negada em alguns países.

Apesar de a globalização já ter tido morte anunciada, o economista não acredita que tal seja possível, insistindo na ideia dos custos enormes que daí resultariam.

Dando como um bom exemplo o facto de “a solidariedade estar a funcionar na Europa”, com o fundo New Generation EU, no valor de 750 mil milhões de euros, a ser financiado, pela primeira vez, não pelos governos, mas pela própria União Europeia, por outro lado, nos Estados Unidos e no Brasil, aumentou significativamente a desconfiança, as divisões, as zangas, fenómenos que foram brutalmente agravados pela pandemia. Assim, o economista acredita que, mesmo passando a epidemia, continuaremos a assistir “a uma luta entre a raiva da globalização e os benefícios que dela emanam”, sem que se saiba o resultado deste impacto, a não ser que esta está, realmente, “muito frágil”.

Regressando ao tema do corporativismo, César das Neves refere que “a pandemia criou aquilo que em economia se chama de externalidade”. E, perante a mesma, “o bem comum exige que se feche o bem privado das pessoas, mantendo-as em casa, criando cordões sanitários, limitando a liberdade”, ou seja, para que o bem comum seja defendido. O problema é que tal “prejudica o bem privado e implica uma forte intervenção estatal”. Assim, e como o problema não é “o que entra no homem, mas o que dele sai”, o perigo é que depois de passada a emergência, “o Estado, que é pegajoso, não recue e continue demasiado presente”, sendo que em Portugal, “o governo intervencionista e os vários poderes instalados estão já a preparar as suas agendas” e “estão todos a mobilizar-se para espartilhar o dinheiro que vem aí”, declara.

“O pecado contra a esperança é o pecado dos crentes”

“Mesmo os cristãos mais devotos acham que estamos perdidos, que as coisas correm mal, que o mundo é perigoso e perde-se a esperança. Nós estamos numa pequena barca e as probabilidades de afogamento são enormes, portanto temos de perceber que o pecado contra a esperança é aquele que fazemos mais vezes”. Foi assim que João César das Neves introduziu a última parte da sua palestra, considerando que estamos a ser testados de uma maneira que nunca pensámos vir a ser, mas que “não estamos condenados porque este é o caminho que o Senhor escolheu para nós”.

E é também por isso que cita a homilia do Papa Francisco feita no Pentecostes, a 31 de Maio último, na qual fala dos três inimigos da esperança e aos quais “devemos estar com muita atenção no meio desta confusão toda”. São eles o narcisismo, a vitimização e o pessimismo e são também eles que “nos impedem de nos darmos aos outros”.

O narcisista, diz o Papa, “leva-me a idolatrar a mim mesmo, a comprazer-me apenas com o lucro próprio e pensa: se a vida é boa e eu ganho com ela, porque hei-de eu dar-me aos outros?”. Ou e como enfatiza, “nesta pandemia faz um mal imenso o narcisismo, o debruçar-se somente sobre as próprias carências e ser insensível às dos outros, o não admitir as próprias fragilidades e erros”. E, questiona ainda: “e não é verdade que é o narcisismo que está por trás do nacionalismo, do proteccionismo, dos ataques à globalização, dos corporativismos, dos erros que estamos a ver?”.

Em segundo lugar, o segundo inimigo, igualmente perigoso, a vitimização: “a vítima lamenta-se todos os dias do seu próximo, ninguém a ajuda, ninguém lhe quer bem, todos estão contra ela e o seu coração interroga-se por que ‘não se dão a mim os outros?”. Mais uma vez, e de acordo com o raciocínio de César das Neves, “não é também a vitimização que está por trás do corporativismo, dos que dizem ‘a minha classe está a ser perseguida há muito tempo, o governo não nos dá apoio, os salários são muito baixos, os nossos interesses têm sido prejudicados’, dos protestos, das exigências que vemos na rua, das manifestações?”

E, por fim, o pessimismo, que assenta na “ladainha diária de que nada vai bem, nem a sociedade, nem a política, nem a Igreja”, sendo que o pessimista que se insurge contra o mundo, fica inerte, considerando ser inútil “doar-se”.

Assim, e neste grande esforço do recomeçar, e tendo em conta a sequência dos inimigos, o Papa, diz César das Neves, termina na esperança. Nas palavras do Santo Padre, “o deus-espelho, o deu-lamentação e o deus-negativismo encontramo-los na carestia da esperança”. E, prossegue, “precisamos de apreciar o dom da vida, o dom a cada um de nós, por isso necessitamos do Espírito Santo, do dom de Deus, que nos cura do narcisismo, da vitimização e do negativismo”. “Isto é o que o Papa nos diz e é o centro da nossa vida. A situação está difícil e é capaz de ficar ainda pior antes de melhorar, ninguém sabe”, acrescenta. Mas “Cristo ressuscitou e é aqui que se baseia a minha esperança. A minha esperança não está naquilo que acontece, naquilo que entra no homem, mas no facto de dentro de mim estar o Senhor e eu poder sair”. César das Neves falou ainda da mensagem urbi et orbi de 2020, na qual Francisco pede um outro contágio, o da esperança, que “não é uma fórmula mágica que faça desvanecer os problemas, mas uma vitória do amor sobre a raiz do mal”.

Já no final da prelecção e questionado sobre qual a importância que tem o ser católico para a sua vida, o economista responde da seguinte forma:

“O centro é o ser católico. A única questão que existe é o Senhor, nós somos a contingência e só seremos algo de definitivo se estivermos com Ele, sempre junto Dele. Ser católico não existe. O que existe é Jesus Cristo e a nossa proximidade a Ele. E esta certeza de que é Ele que vive em mim. É a Igreja que vive em mim e eu sou simplesmente aquele que estraga, que destrói mas, que no final, conta com a sua misericórdia para conseguir ainda construir alguma coisa”.

Para aceder ao vídeo da palestra de João César das Neves, clique aqui