Responsável do Vaticano defende «novo paradigma» na vida das empresas

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Secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral participa em encontro mundial de empresários e gestores católicos

Foto: Arlindo Homem

Lisboa, 23 nov 2018 (Ecclesia) – O secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), criado pelo Papa, defendeu em Lisboa a necessidade de um novo paradigma na vida das empresas e no sistema económico, que supere a fixação no “lucro”.

“Hoje, a referência mais importante na vida económica é o próprio interesse, o lucro. O Papa questiona-nos sobre como é que poderemos pensar um novo paradigma de desenvolvimento, que não seja apenas económico, financeiro, do ter mais e querer mais”, disse à Agência ECCLESIA monsenhor Bruno-Marie Duffé.

O responsável participa no Congresso Mundial da União Internacional Cristã dos Dirigentes de Empresas (Uniapac), que decorre desde quinta-feira, até sábado, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

Para o membro da Cúria Romana, este “paradigma” de desenvolvimento tem de proteger a vida, o planeta, as pessoas, de forma a superar a “luta” entre o “mero lucro” e “os outros interesses, a dignidade, a solidariedade, o amor”.

O sacerdote propõe ainda um novo significado para o “investimento”, tendo em vista o futuro, com uma “abordagem cristã”.

“Começamos sempre pela pessoa e por considerar os seus direitos. Podemos oferecer uma abordagem antropológica”, especifica.

Monsenhor Bruno-Marie Duffé fala numa “situação paradoxal”, na qual muitos atores na Economia “querem estar livres de todas as referências ético-morais, querem ter mais e mais”.

Foto: Agência ECCLESIA/JCP

“É uma situação crítica: os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Ao mesmo tempo, muitas pessoas procuram referências morais”, assinala.

Segundo o secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, a Igreja Católica pode propor uma nova abordagem antropológica sobre a comunidade humana, tendo em consideração “formas pacíficas para viver em conjunto”, que levem em conta “os talentos, as possibilidades de todos”.

O responsável evoca os princípios da defesa da “dignidade humana”, da subsidiariedade na vida económica e política, e da solidariedade, tendo em vista o “bem comum”.

Monsenhor Bruno-Marie Duffé é também um dos intervenientes na conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz, que vai decorrer este sábado, em Lisboa.

JCP/OC