Portugal: Realidade e Esperança

1915

Miguel Cadilhe: Numa abordagem da nossa tempestade, com dureza e realismo!
Como homem do Norte o Sr. Dr. Miguel Cadilhe “colou às cadeiras” os Empresários e Gestores presentes, no recente almoço/debate da ACEGE – Núcleo do Porto, primeiro do novo ciclo 2012 e com o tema “Portugal: Realidade e Esperança”.

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Dr. Miguel Cadilhe
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A palestra de Miguel Cadilhe, numa estreia nas conferências da ACEGE, juntou à sua reconhecida excelência técnica, com detalhada informação sobre a “realidade” Portuguesa e sua evolução “negativa” temporal, uma mensagem cheia de uma dura realidade, num “Alerta” para uma “Sociedade de Cidadania Vigilante”, onde reconheceu que a ACEGE tem e terá um papel da maior Importância, no sentido que o dramático marasmo a que nos trouxeram não se repita. Num esforço para ter Esperança, afirmou: “como foi possível termos chegado ao que chegamos”, sem actos conhecidos, sem respostas, sem contraditório!

Só com saúde macroeconómica haverá crescimento, ou, sem saúde macroeconómica tudo é posto em causa, políticos podem sucumbir…até um regímen, lembrou Miguel Cadilhe. O Programa de Ajustamento e sua Execução não podem ser subalternizados, pelo que a Vigilância é fundamental. Temos que estar todos atentos a isso! 

Em novo alerta clamou para o Risco Social, onde na carga de sacrifícios todos somos sensíveis, apontando falhas de equidade na distribuição dos sacrifícios! Vivemos uma crise gravíssima e pelo débil crescimento dos últimos 10 anos somos também responsáveis pelo Risco Social, pelo Desânimo, Desesperança, Desespero!

O Risco Social é muito, muito elevado e aqui, de novo, a ACEGE pode ter uma palavra certa e esclarecida, de Vigilância! A ACEGE é um Exemplo e tem Voz, chama a atenção.

É tempo de não reincidirmos no despesismo das más práticas, apontando o exemplo da péssima afectação como para a Expo 98, investimento que nada teve a ver com bens transaccionáveis, reprodutores de aposta para melhoria da balança externa, que não só económica mas igualmente social. Não vimos a tempestade! Todos os grandes projectos deveriam ter sido obrigados a uma análise custo-benefício. Sem retorno financeiro só temos défice e dívida pública

Mais investimento, em Portugal, implica mais poupança privada, ou /e menos défice corrente do Estado, ou/e mais défice externo ”

As grandes reformas foram sistematicamente proteladas pelo “Sistema de Governo”, pelos sucessivos Governos, ou Partidos, até Presidentes. Ou, com um PIB a crescer mal, ou devagar, ou as duas coisas, porque não apostamos em produzir Bens Transaccionáveis! Ao contrário fomos assistindo a uma continuada cumplicidade entre governo e algumas empresas, sempre pela má lógica de não apostarem nos sectores de bens transaccionáveis. Para numa reflexão clara afirmar a tristeza que é vermos que as instituições políticas acataram e ficaram quedos, num colectivo que em uníssono explica “isto”! Faltou honestidade intelectual aos políticos – o sistema não funcionou bem, situação imperdoável para a causa pública!

È importante procurar na Sociedade Civil mais Vigilância, e aqui, recomendou, que a ACEGE poderá, e deverá estar na 1ª linha, num primado que também é eleito na Associação de Empresários e Gestores Cristãos, em 4 princípios:

  • Dignidade da pessoa humana.
  • Bem comum.
  • Solidariedade.
  • Subsidiariedade.

Nenhum empresário do mundo se pode alhear da sua Responsabilidade Social, tema este desenvolvido em mais uma referência a um artigo de excelência, da ACEGE, publicado na revista Brotéria. Ou ,numa perda da Equidade Social pela justa distribuição dos benefícios!

Portugal viveu 25 anos de redução de empresas, nomeadamente nos Sectores Transaccionáveis, um ciclo de amplitude brutal, extrema, de crise feroz, gravíssima, que devemos repensar apostando principalmente nas Reformas Estruturais

Temos cortes conjunturais e devemos substitui-los por cortes estruturais da despesa pública, evitando-se novas formas de despesismo centralizado, para a exigência dos bons hábitos para análises custo-benefício nos grandes projectos, e do perigo para o adiamento das Reformas Estruturais, fundamentais para o futuro de Portugal e para o risco de execução do acordo! Alertando de novo para a Vigilância dos Cidadãos!

Noutra fase, Miguel Cadilhe, elogiou o acordo de concertação social, que considerou bem aplicado e calibrado no social.

Temas importantes foram dissecados numa apresentação qualitativa, como a importância da sustentabilidade das finanças públicas; a necessidade de libertar o sector privado das cargas fiscais e para fiscais ou sobre, o pilar fundamental que é um plano de Poupança Nacional para o crescimento.

O Estado tem que acordar com a Troika um plano para pagamento dos seus compromissos, ajudando a tesouraria de muitas empresas, umas que já infelizmente já sucumbiram, e evitando que outros o sejam, numa atitude de Exemplo Maior, de Pessoa de Bem que não tem sido, mas tem que passar a ser, já que o Estado não pode tomar atitudes de despotismo como o mau exemplo da quebra de compromisso, exemplo dos PPR´s e /ou Certificados de Aforro, situação onde os aforradores não esquecem. Também aqui, uma referência especial à ACEGE, enaltecendo a forma corajosa e de Visão para a problemática de António Pinto Leite, na apresentação do estudo sobre a Pontualidade nos Pagamentos, onde este afirmara ser um documento “chocante e entusiasmante”.

O tráfico de influências, uma investigação criminal sempre inconclusiva, que nos reporta para uma economia informal que atinge um nível de quase 25%, e onde a ACEGE tem tido um papel de alerta permanente, a favor da criação de instituições de qualidade para um desenvolvimento e tratamento de todos de forma igual, culminando com mais um alerta, para o exemplo negativo actual da nossa Justiça, para a qual se exigem reformas urgentes!

Sobre mais um tema dramática da nossa sociedade, diz respeito á Demografia, área matemática e de previsão, onde a falha maior dos nossos políticos cai pela falta de ouvir os Demografos, simples como tal! Sem dúvida que estamos em presença de uma área onde quase tudo é possível prever, sem erro, e que tem a ver com o planeamento da educação, das infra-estruturas, segurança social, saúde, justiça, etc. Falem com os Demografos! Muito pensamento da ACEGE tem vindo a preocupar-se sobre este importante tema, no presente e para o futuro do nosso País.

Miguel Cadilhe relançou o acordo com a Troika afirmando que o resgate não se esgota ao nível económico e financeiro, já que as Reformas Estruturais serão o pilar da essência do desenvolvimento, desejando ardentemente que Portugal cumpra esse resgate financeiro até pela nossa própria Honra.

Pela apresentação de diversa documentação gráfica de suporte à sua palestra, Miguel Cadilhe alertou para a necessidade de Financiamento á Economia a fim de quebrar a dinâmica, invertendo-a, mas para tal é fundamental a UE resolver o seu problema dessa mesma liquidez. Liquidez é urgente, já que a falta de liquidez actual da nossa banca só restringe o desenvolvimento.

Feroz crise de liquidez, num BCE que não foi pensado para a actual situação tormentosa, e onde as dívidas soberanas foram postas em causa, na sua reputação – o 1º e último reduto das poupanças dos capitais! Alertando para as largas amplitudes do sistema bancário, que perante essa falta de liquidez, sobem spreads e comissões aos “bons riscos” a pagar os seus “maus riscos”?

Miguel Cadilhe esclareceu que Portugal entrou no Euro, de forma antecipada e antes de tempo, sendo ele crítico e a favor de uma entrada faseada e não de 1ª linha, com isso evitando apanharmos a onda de choque. Miguel Cadilhe foi claro, Portugal e a Espanha, entraram no Euro sem um verdadeiro estudo de fundamento técnico e de natureza do impacto, com a anuição do Banco de Portugal! Ou seja, mais uma vez as decisões políticas e só políticas, afirmou, entrando Portugal no clube dos ricos…mas, aderindo igualmente a taxas de câmbio de países ricos!

Para os investimentos errados, num ciclo de desnorte público no passado recente de investimentos não reprodutivos, preferindo-se o betão ao escândalo dos submarinos, para a satisfação de poucos e numa factura monstruosa a ser paga por todos no futuro.

Segundo Miguel Cadilhe à falta de visão, ou numa visão interessada e potenciadora de tráfico de influências, exige-se uma aposta certa de alocação das verbas disponíveis para investimentos, com análises de custo-benefício, para os sectores dos “Bens Transaccionáveis”, permitindo mais exportação, diminuição das importações, incremento da economia e criação de mais Indústrias, pelo crescimento no Emprego, apoiados nas Reformas Estruturais e de Vigilância de Cidadania permanente, numa nova dinâmica do rácio Dívida Púb/PIB, com a Saúde Macroeconómica restabelecida, permitindo construir um Estado Social salvo e reposto em níveis sustentáveis.

Ao Sr. Dr. Miguel Cadilhe um bem-haja pela brilhante palestra, plena de Realismo, apontadora de caminhos pelos Valores Éticos e com razões de Esperança para Portugal.

ACEGE – Núcleo do Porto
David Forrester Zamith