Num momento particularmente desafiante como aquele que atravessamos, Sua Santidade o Papa Francisco convida-nos a todos, empresários e gestores cristãos, a contagiar a sociedade, através de boas práticas e de bons comportamentos. Sem medo de assumir esta força, o Núcleo da ACEGE de Vila Real dá as mãos a esta luta e deixa-se inspirar pelo sinal de esperança que vem de Cristo
Por João Quintela Cavaleiro
É de esperança, de bondade, de um critério de amor como gestão que falaremos. Nestes tempestuosos momentos em que Portugal assiste ao preocupante êxodo de quadros, existe ansiedade de como o País responderá. Boa parte da explicação sairá das empresas, em que a competência e conhecimento serão certamente relevantes, mas onde não poderá falta um Espírito Cristão, resiliente, inspirador. Senão vejamos.
Sua Santidade o Papa Francisco, na audiência geral de dia 8 de Outubro, em Roma onde a ACEGE foi recebida, convidou para que continuemos a dar o nosso fiel testemunho cristão na sociedade. A saudação interpela-nos a lançar estas palavras e dar conta que nas diferentes dificuldades das empresas – de falta de liquidez, de carência de apoios, de caminhos tantas vezes solitários, de clientes insolventes, de fornecedores deficitários, de trabalhadores desmotivados – ultrapassar estes desassossegos estará sempre no nosso engenho, perseverança e numa profunda reflexão cristã paciente e sempre resiliente.
Naturalmente inquietos pela fuga de uma imensa banda larga de juventude além-fronteiras, vendo partir muitos dos nossos irmãos, mas sem medo de assumir com esperança que nunca como hoje tivemos massa crítica para fazer o país sair desta encruzilhada. No rescaldo desta crise, as empresas portuguesas mostraram estar à altura, resistindo, sendo muitas vezes a última esperança para uma paz social, quando o sector público padeceu das dificuldades vastamente conhecidas.
As empresas assumem actualmente um redobrado e desafiante papel, sendo um motivo de atracção adicional, agregador de uma vontade para aqueles que em idade de trabalhar se possam arreigar a Portugal. O país necessita hoje, porventura como nunca, das empresas como estabilizadores sociais e fonte de atracção de talentos. É de um papel sociológico, demográfico, de apoio social porventura mais solitário, pelo rarefeito suporte da rede de emprego público. Numa influência que vai muito para além da própria esfera de actuação de cada empresário e gestor, pois o seu contributo estende-se ao equilíbrio das contas públicas, pela grande fatia paga nas diferentes taxas e impostos pelo sector empresarial; ao garante do sistema previdencial, nas prestações para a segurança social; até à redobrada importância de se assumirem como fonte geradora de emprego.
É pois neste quadro que se colocam novos desafios aos empresários portugueses, para resistirem à tentação oportunista de se aproveitarem de um bem tão escasso – o trabalho- para não colocar condições desumanas aos seus trabalhadores, aproveitando-se da debilidade. Num contexto desafiante de necessidade, pede-se aos empresários e gestores cristãos que sejam agentes de boas práticas, de forma a contagiar os bons comportamentos, impactando a sociedade de maneira positiva, pelo exemplo, sendo sustentáculo de tantas famílias em volta do trabalho honesto e recompensador.
Certos que não será qualquer espírito empresarial que conseguirá suster um caminho de emigração de outros tempos. Somente com projectos inspiradores, onde se conjugue humildade valorizando o trabalho, de respeito pela família com responsabilidade, de profunda entrega e de reconhecimento. Em empresas de Valores, com Ética e Responsabilidade, numa permanente posição de transparência, sabendo que ”os líderes empresariais cristãos devem procurar, incessantemente, orientar a sua vocação empresarial para o bem comum*”. É nesta fonte de exemplo de líderes inspiradores, capazes de agregar vontades em volta de projectos comuns que o País conseguirá parar esta escapatória de talentos.
Com uma nova geração de empresários e gestores e sem medo de assumir esta imensa força, o Núcleo da ACEGE de Vila Real dá as mãos a esta luta, convictos que um Cristão, inspira, convence, agrega, motiva e é sempre sinal de esperança. Que assim seja!