Pagar a quem se deve – uma questão Ética e de Competitividade

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A economia portuguesa enferma de um mal generalizado – uma de parte das empresas, das pessoas e das instituições privadas, públicas e governamentais pagam mal, pagam atrasado e quando pagam o quem devem, ainda parece que estão a fazer um favor.

Este atraso sistemático é causa de ineficiências brutais na economia. Quantas empresas por pagarem mal não podem reclamar convenientemente a qualidade do que adquirem? É também fonte de perdas de produtividade enormes. Quanto tempo se perde a cobrar o que é devido, a atrasar pagamentos por não ter recebido ou a negociar com o sistema financeiro (e às vezes até com agiotas) novas condições e linhas, algumas delas com taxas enormes?

Este atraso sistemático facilita, ainda, a concorrência desleal porque permite que incumpridores ganhem vantagens e que empresas já “mortas” sobrevivam e arrastem outras suas concorrentes para situações de dificuldade acrescida. Há por isso perda “de eficácia na economia que é parte do atraso na competitividade de Portugal.

Para combater isto há bons exemplos: a ACEGE lançou a iniciativa pagamento-a horas que tem algumas dezenas de empresas aderentes e o Fisco modernizou-se e lançou um conjunto de iniciativas que permite com rapidez cobrar a quem lhe deve. Mas há sobretudo péssimos exemplos. A começar por quem nunca os devia ter: as associações empresariais, o Fisco que quando se trata de devolver os impostos cobrados a mais nunca mostra a mesma eficácia que tem na cobrança e o Estado.

Veja-se o atraso no pagamento às industrias da construção ou farmacêutica, ou os pagamentos devidos pelos sistemas de incentivos. Esta situação de Estado devedor é tão mais grave porque é susceptível de enfraquecê-lo e abrir a porta aos mais infames compadrios. Por tudo isto, pagar a tempo e horas precisa-se e com urgência, em nome da nossa Competitividade. 

José Theotónio CFO – Grupo Pestana SGPS 

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