“Os Cristãos e a política”

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ACEGE - Núcleo do Porto David Zamith

Ecos de um Almoço Debate na ACEGE Porto com o Dr. Filipe Anacoreta Correia

Partilha, experiência e visão sobre a política em Portugal e os passos a seguir pelos Cristãos, na palestra “Cristãos e a política”, tema escolhido pelo convidado da ACEGE-Porto, Dr. Filipe Anacoreta Correia, no arranque do novo Ciclo de Conferências 2017 – “ Pensar Portugal “.

Filipe Anacoreta, advogado, crescido no Porto, é actualmente deputado à Assembleia da República, integrando a Comissão Politica Nacional e a Comissão Executiva do CSD-PP, apresentou de forma simpática e bem estruturada, um tema muito actual, numa sala cheia de empresários e gestores, com muita juventude, afirmando que desde muito novo se interessou pela acção política, pós laboral, de forma discreta, mas sempre pelo real e não pelo teórico!

Não é omitindo -se às questões mas pela proclamação da Verdade, como o critério principal!

Apresentando de forma interessante vários temas para reflexão começou por afirmar que o exercício da política é um exercício dos cristãos, num trajecto passo a passo e tendo em conta que é um exercício tentador pelo poder! E como em tudo na vida a política também desfaz e desagrega, da política das vaidades aos dramas sociais, entre um auto agrado e o desprezo pelo outro e até corrompe!

Henry Kissinger dizia que a política é viciante!

Filipe Anacoreta vê o cristão numa missão de alerta permanente e como um sub-representante nas instituições políticas, apelando ao partido e ao voto, repudiando o pensamento de uma filiação partidária pró-cristã, pela não existência de um partido católico mas, pelo contrário, a favor da pluralidade e com cada qual a seguir o seu caminho!

E porque mantermo-nos na política? Já Cristo afirmava “ide por todo o mundo… a todo o mundo”, daí a importância dos cristãos não se demitirem, tomando consciência da dimensão dos desafios da política, gigantescas e assustadoras! Tendo a consciência, permanentemente, que as “atracções” também levam a deixar o diabo “entrar” e rematando com outro conselho de Cristo, “ide, a dois em dois, com poder sobre os espíritos imundos”!

Neste apelo à entrada dos cristãos na política pergunta se valerá mesmo a pena, ou, será preferível evitar a desilusão, já que temos um mandato cheio de tentações e khristomakos?

Vivemos tempos de organizações de poder, na liderança ocidental, com padrões de degradação crescente de uma sociedade a replicar moldes do terceiro mundo! Também por esta “degradação” o chamamento ao “apelo cristão” é fundamental, levando à actuação!

Numa reflexão ao projecto Europeu vejamos que este se iniciou numa base democrata-cristã até ao status dos nossos dias!

A globalização está a despertar realidades com enormes desafios, populismos e novas realidades políticas! Será que iremos assistir, ao contrário da construção de uma estrutura internacional, num acabar de um projecto?

A DSI aponta para estruturas intermédias com efeitos orientados ao Bem Comum no funcionamento das nossas instituições! E é a DSI, num pensamento social-cristão, a apostar na intervenção, no dar respostas com dimensão, num comprometimento pela procura da paz, numa vivência que já tem 60 anos de prosperidade e paz, desejando que as novas gerações olhem para o seu tempo, acrescentando, seja no ensino, na justiça, segurança social, etc.

Temos um sistema laico, inquietante, onde é muito difícil executar, na máquina partidária, as políticas cristãs. O Vaticano II aponta para um mundo plural, profissional e com a definição clara das balizas, da globalização à economia, cheias de questões técnicas e com o nosso Papa Francisco a chamar os jovens à política e a recomendar que “actualizemos a mensagem de Cristo aos dias de hoje”!

Filipe Anacoreta pensa que a actuação política deve ser feita dentro do sistema partidário, mesmo para aqueles que se sentem “cansados do sistema”, num crescendo da presença e actuação viva do 5º Poder, a Sociedade Civil, para uma vivência forte ente políticos e a Sociedade Civil!

Infelizmente essa Sociedade Civil, determinante, apresenta-se fraca na análise e fraca no debate, para uma intervenção actual limitada, sendo que os próprios partidos, hoje, estão ávidos em colaborar e entrar na Sociedade Civil!

Os cristãos têm que acreditar que “tem que ser possível”, pelo amor e pela verdade, numa aposta em fazer sempre melhor! Um sistema democrático pela aposta no Bem Comum e nos partidos como instrumentos que devemos apoiar, considerando negativo movimentos de cidadãos que desvalorizam os partidos, quando devemos é enriquecê-los, para que a política governe para a Sociedade Civil!

Portugal vive com uma Sociedade Civil débil, permitindo uma exposição e vulnerabilidade política!

Um bem-haja ao Filipe Anacoreta que trouxe uma aragem nova e que permitiu um alargado e interessante debate final.

 

David Zamith