O “COPY PASTE”

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No passado longínquo, os Portugueses deram cartas pelos quatro cantos do mundo: os feitos gloriosos dos nossos descobridores e de tantos ilustres da nossa História guindaram bem alto o nome de Portugal e fizeram do nosso País uma potência mundial – partimos à aventura, vencemos batalhas e obstáculos, tantas vezes, difíceis, navegámos por mares desconhecidos. Tínhamos um enorme orgulho e fomos bravos!  

                                        

Depois, fomo-nos apagando e passámos a ser pouco exigentes, resignando-nos com o pouco que tínhamos. Olhando para o lado, contudo, observámos que países de dimensão semelhante, ou até menor do que a nossa, prosperavam e se desenvolviam, proporcionando aos seus habitantes um nível de vida económico superior e, nalguns casos, até invejável.

Mas, afinal, importa perguntar, o que se passa com a capacidade empreendedora dos Portugueses e com o seu espírito de conquista? Perdemos qualidades? Desinteressámo-nos?

Olhando em volta, verificamos que há dois sectores de actividade onde o índice de desenvolvimento em Portugal atingiu um patamar bem acima da média dos restantes, ultrapassando mesmo o nível registado nos países mais evoluídos: referimo-nos à sofisticação atingida no sistema de Multibanco, alicerçado num sistema bancário (prefiro dizê-lo assim) “relativamente evoluído”; e, por outro lado, ao uso massivo dos telemóveis.

A estes sucessos curiosos, digamos assim, junta-se o inquestionável êxito de um punhado ainda significativo de portugueses em vários domínios – político, económico e até desportivo – compatriotas esses espalhados pelos cinco continentes, provas vivas e indesmentíveis de que ainda estamos vivos, ainda somos capazes, ainda é possível continuarmos a ter sucesso.

Mas, se o êxito de tantos portugueses é inquestionável nos sectores mencionados – e, felizmente, em muitos outros – como é que se explica a letargia em que o País tem vivido, como entender a confrangedora incapacidade de Portugal para dar o salto qualitativo e multiplicar (agora, face à urgência e ao estado das coisas, já só pode ser de forma exponencial) os exemplos que vingaram?

Pergunto: será que os nossos políticos, que tanto gostam de viajar, não poderiam aproveitar as constantes escapadelas ao estrangeiro para espreitarem como as coisas funcionam por lá nos mais diferentes sectores de actividade (nas Finanças, na Saúde, na Cultura, na Segurança Social, na Educação no Desporto, na Justiça, da Construção Civil, na Protecção à Família e ao mais desfavorecidos, etc.)? Será que não podiam seleccionar as melhores práticas e receitas em cada uma dessas áreas e depois fazerem, como nos computadores, um “copy paste”?

Acredito que a maioria dessas soluções constituiria um contributo valioso para um futuro mais risonho das nossas gerações futuras. E se, como já estou a imaginar na argumentação dos imobilistas mais renitentes, alguma dessas soluções se revelar incompatível com o nosso código genético – entenda-se aversão cultural ou outra –, então haverá sempre a possibilidade de, em tempo útil, sem hipotecar receitas futuras ou de colocar em causa o equilíbrio do País, fazer o “undo” ou até mesmo o “delete” dessa solução.

*Associado da ACEGE

João Lobo Machado

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