Japão e Portugal

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Temos pela frente grandes e decisivos desafios para Portugal. Seremos capazes de os ultrapassar? Teremos argúcia e engenho suficientes para construir uma plataforma de estabilização social, política e económica que permita definir um rumo, tomar opções e concretizar objectivos? Este é o dilema que hoje vivemos
POR LUIS BRITO GOES

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Luis Brito Goes é Advogado
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Será que o momento terrível que o Japão está a passar e a forma como viveu e vive o seu drama poderá ser inspirador para o caminho que Portugal tem de percorrer?
Parece que sim…

A primeira reacção que vimos do povo japonês quando percebeu que estava no meio de uma grande catástrofe natural com consequências devastadoras e de enorme impacto económico e financeiro foi uma reacção de calma e controle generalizada. Os agentes políticos e económicos portugueses deveriam fazer o mesmo. Percebendo que a situação é inevitável o que devemos fazer é controlar histerias e guerras politicas e aceitar a inevitabilidade da situação com discernimento e objectividade. Procurar assimilar a situação ipso facto e perceber todas as suas raízes.

Depois, vimos uma onda de unidade comovente à volta do país e uma vontade única em mostrar a força de uma nação que vive momentos de dramatismo singular. Parece que Portugal precisa neste momento de uma onda similar, união entre todos os portugueses e consciência de que para se conseguir efectivamente ultrapassar os obstáculos, em especial os mais difíceis, só esquecendo o bem próprio e o interesse individual ou corporativo e procurar incansavelmente o Bem Comum.

A terceira lição que retiramos do caso Japonês é a necessidade imperiosa em definir prioridades. Ficou claro, de um momento para o outro, que as solicitações eram imensas e de diversa natureza. Foi necessário escolher prioridades e atacar directamente com remédios e soluções. Os portugueses precisam de fazer o mesmo. Definir um caminho, percebendo que outras necessidades terão de ficar para depois e, de imediato, tomar decisões efectivas e levá-las até ao fim.

Em 1543 Fernão Mendes Pinto e outros navegadores chegaram ao Japão, sendo os primeiros europeus a estabelecer contacto com aquele país, deixando uma grande influência na sua cultura e mentalidade.
Hoje é tempo de nós, Portugueses, colhermos alguns ensinamentos com esse povo tão diferente mas com uma ligação única com o nosso país.

Não posso deixar de prestar uma enorme homenagem ao povo Japonês que, de um momento para o outro e sem qualquer causa humana, se viu na necessidade imperiosa de fazer renascer um país dos escombros. Não será que Portugal está na mesma situação?

https://acege.pt/Lists/docLibraryT/Attachments/238/hp_20110406_JapaoEPortugal.jpg