Este fundo de 800 milhões de euros (o valor das dívidas dos hospitais EPE aos fornecedores, nomeadamente à indústria farmacêutica) irá ser utilizado através de empréstimos aos hospitais EPE com dívidas aos fornecedores superiores a 90 dias!
Sem dúvida que foi a ACEGE, de forma corajosa e mostrando o caminho a seguir, através do seu programa ACEGE – Pagamento Pontual, contribuindo para levar à agenda política este tema fundamental, para o desafogo de muitas empresas e para o Estado aparecer finalmente como pessoa de bem, seguindo o caminho da verdade e de uma actuação Ética. Chega de retórica barata e de falsas e demoradas promessas. O que as empresas (asfixiadas até ao tutano) exigem, nomeadamente as Micro e Pme´s como base do tecido empresarial Português, são medidas práticas e urgentes. Como seja, a definição e o cumprimento escrupuloso, como um EXEMPLO de um Estado cumpridor, das suas dívidas (não esquecendo as dívidas dos Municípios!). Não se esqueça a governação que está a gerir os dinheiros dos contribuintes e que os contribuintes exigem uma gestão verdadeira e competente. No nosso último artigo de opinião levantamos o tema “A economia sofre com os seguros de crédito”, considerado por muitos empresários potencialmente estrangulador e dramático, tanto para o mercado interno como principalmente para o mercado da exportação. Pois recentemente foram os próprios exportadores Alemães a levantarem igualmente a sua apreensão sobre as dificuldades criadas sobre este importante tema.
Muito interessante e como outro tema em análise, relativo exactamente aos prazos de pagamento, vem da governação Francesa com a chamada nova Lei de modernização da economia Francesa, que entrou em vigor a partir do passado dia 01 de Janeiro de 2009, contendo elementos da maior importância para a disciplina interna bem como para os exportadores Portugueses. Ou seja, para os contratos concluídos depois de 01 de Janeiro de 2009, os prazos de pagamento não podem ultrapassar 45 dias depois do fim do mês ou 60 dias a contar da data de emissão da factura. Acresce dizer que a governação Francesa criou em paralelo sistemas de apoio para sectores em reconhecida dificuldade, como é o exemplo do sector automóvel Francês, afim de os mesmos poderem cumprir com os pressupostos da nova lei. Até aqui parece que o Presidente Nicolas Sarkozy tomou uma medida de grande coragem, moralizadora e de apoio ao cumprimento do Pagamento Pontual. Perguntamos, qual a razão porque esta medida não é promovida pela própria União Europeia, acompanhada por apoios correctivos para as eventuais faltas de fundo de maneio? Não seria uma boa solução para Portugal, para a governação Portuguesa dar o EXEMPLO cimeiro e finalmente pôr em prática o que tanto promove? Chegam-nos informações que ao contrário, empresas Francesas procuram mercados com condições de pagamento tradicionalmente alargadas, vulgo Sul da Europa, surgindo como uma nova oportunidade para muitas empresas exportadoras Portuguesas ou como alternativa de mercado para a série de insolvências em crescendo na Europa. Estas oportunidades estão aí mas o problema reside, nas dificuldades crescentes da falta de liquidez, por exemplo para aquisição de matéria-prima, e da diminuição dos plafonds dos seguros de crédito!
Excelente oportunidade para a nossa governação mostrar que a sua retórica se possa traduzir em acção de apoio aos empresários Portugueses de forma válida, dando um EXEMPLO de Estado, criando regras de disciplina e de apoio real.
Mas ao contrário o que ouvimos? Afirmações, como recentemente na mensagem optimista do Ministro das Finanças de que os sinais de melhora estavam aí, e naturalmente motivado pelas acções estratégicas da governação! Pena que o Ministro não tenha estado presente em Cascais na recente reunião anual da EUPC – European Plastic Convertors e que agrega mais de 50.000 empresas e mais de 1, 7 milhões de empregados. Pois bem lá foi indicado que, por exemplo no sector de transporte e automóvel, a produção de veículos motorizados em 2007 foi, a nível global, de 73,1 milhões quando para 2009 são esperados 60 milhões; ou que na nossa Europa a produção de veículos ligeiros foi de 16,0 milhões em 2007,sendo esperados somente 11,4 milhões em 2009…mas ao contrário das perspectivas de crescimento para 2015 a nível global acima dos valores de 2007, a Europa em 2015 prevê, e em crescendo, atingir somente o nível dos 13,9 milhões.
Sector Automóvel Europeu com 1/3 de todos os empregos de manufactura; ca. de 13 milhões de empregos na UE a 27 (directa e indirectamente); maior investidor privado da UE em Pesquisa & Desenvolvimento com um orçamento de ca. Euros 780 bilhões.
E aqui é que está o nosso problema actual Europeu onde muitas empresas se vêem com reduções que foram logo após a “bolha” de 40 a 60 %, actualmente entre os 20 a 40% e com uma perspectiva de 2011 ao nível mais baixo de 2008, ou seja inferior em ca. 20%.
Deus queira que o engano seja nosso, mas aquilo a que assistimos é uma purga do tecido empresarial onde os que saem deixam espaço para os que ficam.
Parem para pensar, falem verdade, tragam acções inovadoras e realistas, fundamentais num momento crucial, como que uma alavanca de apoio num momento onde o crédito é parco, cada vez mais selectivo, e onde a economia mostra que a recuperação vai ser lenta e duradoira. Estamos todos a sofrer com a crise mas mais importante é prepararmo-nos bem para o “Post Crisis”, e todo o pensamento lúcido aponta para a necessidade de um novo paradigma na gestão das coisas a ser constituído, a nível global, baseado na Poupança, na Verdade, num mundo da verdadeira Ética nos Negócios, na Valorização Humana, na sociedade em Família, a favor do Bem Comum e onde o EXEMPLO retome o rumo de um valor perdido!
David Zamith
ACEGE – Núcleo do Porto