Celebrámos 100 anos da implantação da república onde a chamada ao fomento de uma cultura da responsabilidade individual dos líderes nacionais, foi a tónica escolhida pelas principais figuras de estado. Um alerta urgente, embora tardio, pois já estamos a sofrer as consequências dramáticas de anos de irresponsabilidade colectiva que nos conduziram á situação actual. Foram demasiados anos em que demasiadas pessoas se esqueceram das suas responsabilidades básicas e colocaram os interesses pessoais e partidários acima dos interesses das empresas, das instituições e do país.
Foram demasiados anos onde o Estado tudo pôde e tudo encobriu, levando o país a organizar-se em torno dele, e onde muitos “aprendizes” de empresários fugiram do risco empresarial e optaram pelos favores e pelo esbanjamento de milhões de euros de consecutivos orçamentos de estado e fundos de coesão em programas e iniciativas que não fizeram face aos verdadeiros problemas estruturais nacionais, mas que deram a ilusão de crescimento. Criou-se a ideia que os valores, a competência, a ética, a honra e o enriquecimento pelo trabalho eram coisas do passado e não necessárias para a condução dos negócios privados e públicos, fazendo crer que a ética era apenas a lei, e a consciência a decisão dos tribunais. Hoje percebemos, da forma mais dramática, que afinal tudo isso era importante e que os valores, a ética, a competência e a honra continuam a ser o fundamento mais seguro de qualquer liderança responsável que tem por objectivo o verdadeiro desenvolvimento de uma organização ou de um país. O mundo, a economia e as empresas precisam urgentemente de líderes com valores e convicções para a vida, capazes de marcar a diferença, capazes de lutar pelos seus e por causas em que acreditam verdadeiramente, testemunhando esses valores com a sua vida. Líderes que saibam que com a sua acção servem aqueles que com eles colaboram nas empresas, e que em conjunto estão a produzir serviços e produtos que potenciam o desenvolvimento dos outros e da sociedade. Está nas mãos de cada um de nós assumir responsavelmente o seu espaço de liderança, começando por uma decisão elementar: combater todas as tentativas de afastar os meus valores e a minha consciência pessoal dos critérios de decisão profissional. POR JORGE LÍBANO MONTEIRO* |
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