O prazo de pagamento é hoje uma questão central para a sustentabilidade das empresas, mas também das autarquias. Pagar bem, ou seja, dentro dos prazos previstos, permite comprar a custos mais reduzidos e, simultaneamente, contribuir para a boa saúde financeira de fornecedores, empreiteiros ou prestadores de serviços
POR RICARDO PEREIRA ALVES
Nos últimos anos a Câmara Municipal de Arganil, que tenho a honra de liderar, fez um percurso de redução significativa do seu prazo médio de pagamentos, tendo atingido os 5 dias no último trimestre de 2014 (Portal da Transparência Municipal, DGAL).
Há nove anos atrás, quando assumimos funções na Autarquia, a situação financeira era deveras preocupante, com a dívida de curto prazo a assumir valores demasiado elevados. A Câmara Municipal não conseguia cumprir os compromissos com os seus fornecedores, empreiteiros e prestadores de serviços e, por isso, era cada vez mais difícil fazer aquisições de bens e serviços ou adjudicar obras, face à recusa de alguns deles em continuar a manter relações comerciais com a Autarquia ou ao acréscimo significativo dos preços, face à baixa expectativa de recebimento no prazo aceitável.
Assim, a conversão de dívida de curto prazo em médio e longo prazo revelou-se a melhor estratégia para restituir a credibilidade da Autarquia junto dos seus fornecedores, e a oportunidade para comprar a preços mais acessíveis e em linha com os valores de mercado.
Simultaneamente, a decisão de auditar anualmente as contas, através de uma entidade externa e independente, permitiu afirmar e valorizar uma gestão aberta, com rigor e transparência.
Neste caminho difícil, foi possível reduzir a dívida orçamental em 24,52 % (até 31 Dezembro de 2014) e o endividamento líquido da Autarquia em 45,1 %.
[pull_quote_left]Somos a primeira Autarquia a assumir o “Compromisso Pagamento Pontual”, que se constituiu como um importante instrumento de reforço da nossa competitividade[/pull_quote_left]A Câmara Municipal de Arganil é hoje uma das autarquias do país que paga mais depressa, tendo, por isso, junto dos seus fornecedores, empreiteiros e prestadores de serviços, uma imagem de rigor e credibilidade, que lhe permite comprar a preços cada vez mais baixos, mantendo a qualidade nos produtos, nos serviços e na execução de obras.
Foi restituída uma relação de confiança, que deve pautar o relacionamento entre fornecedores e clientes, contribuindo assim para a sua sustentabilidade e para a prestação de um serviço público contido nos meios, mas eficaz e eficiente.
Neste contexto, porque queremos prosseguir o caminho que temos vindo a trilhar, de conciliar rigor, transparência e equilíbrio das contas públicas municipais, com investimento qualificado e estruturante, e porque queremos continuar a garantir a sustentabilidade financeira da Câmara Municipal, mas também do nosso território, aderimos ao “Compromisso Pagamento Pontual”, iniciativa promovida pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), que vivamente saudamos, e que se constituiu como um importante instrumento de reforço da nossa credibilidade e competitividade no contexto nacional.
Somos, com muito orgulho, a primeira Autarquia do país a assumir esta Compromisso, certo de que outras o farão em breve.
[pull_quote_left]Reduzimos a dívida orçamental em 24,52 % e o endividamento líquido da Autarquia em 45,1%[/pull_quote_left]Hoje, como nunca, é muito importante que as trocas comerciais sejam acompanhadas dos fluxos financeiros, respeitadores dos prazos contratualizados. Esta é a única forma de garantir a solidez das empresas, a manutenção do emprego e a geração de riqueza.
A competitividade e o crescimento económico do país estão muito dependentes da nossa capacidade de inovação, diferenciação, de criação de valor, através da produção de bens e prestação de serviços de excelência, mas também da nossa capacidade de honrar os compromissos, assegurando pagamentos pontuais, contribuindo assim, e de modo decisivo, para a sustentabilidade financeira das empresas, mas também das Autarquias, e para a perenidade de toda a cadeia comercial.
É esse Compromisso que todos devemos assumir, as empresas, as autarquias, as pessoas. Em nome da sustentabilidade, do crescimento económico, da coesão social. Em nome do Futuro!