O bispo de Coimbra preconizou, na semana passada, “a afirmação do humanismo” em detrimento da “idolatria do dinheiro”
“A economia do dom” foi o tema de uma intervenção do prelado, proferida durante um jantar-debate organizado pelo Núcleo de Coimbra da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE).
“Há-de ser possível” construir um figurino económico que “deixe de estar assente na especulação financeira”, vaticinou D. Virgílio Antunes, ao jeito de quem formula um desejo, opinando que idolatrar os mercados “não dará para todos nem dará para muitos”.
Apologista da iniciativa empresarial pautada pelo humanismo, o prelado disse que a doutrina social da Igreja Católica parte de “um olhar sério para a realidade” e lamentou “situações deploráveis em matéria de distribuição da riqueza”.
Ao citar o Papa Francisco, que se insurgiu contra a mortífera economia “da exclusão e da desigualdade sociais”, D. Virgílio Antunes demarcou-se da “cultura do descartável” e da “globalização da indiferença”.
A ética é tida, por vezes, “infelizmente, como contraproducente”, assinalou o bispo de Coimbra.
O orador disse, ainda, que a globalização da economia deve estar “ao serviço da construção do bem comum” e alertou para o risco de ela ser encarada como “instrumento de colonização”.
Ao reconhecer que o trabalho não é devidamente valorizado, D. Virgílio Antunes defendeu que ele seja visto como “instrumento de realização das pessoas” e não apenas como meio de auferir um salário.
Artigo originalmente publicado a 4 de Outubro no Campeão das Províncias