João Anacoreta Correia, Presidente da ACEGE – PORTO, agradeceu a presença do grande Amigo da casa, o Professor Doutor João Luís César das Neves, para o último almoço-debate antes de férias, no âmbito do Ciclo de Conferências 2017 “Pensar Portugal” e cuja palestra teve o título de “Portugal, que futuro?”
João César das Neves iniciou a sua palestra perguntando, “Portugal que futuro” ou “Onde estamos nós”? Recordando o recente baptizado de seu neto, e fazendo uma ponte entre o olhar o passado, rumo ao futuro, ligou ao nascimento de seu avô, 125 anos atrás, exactamente no ano de 1892, ou seja da última bancarrota real de Portugal!
O que herdou seu avô, o que vai herdar o seu neto e qual o nosso legado!
Quais os paralelos entre estas diversas gerações: Portugal falido e à nossa volta os extremismos a crescerem, o que levou à 1ª guerra mundial! Hoje Portugal, com ou sem troika, vive num plano de dívida insustentável, mal comparando os tempos de agora como os do ano de 1892, e os extremismos a crescer em termos globais!
Entre as várias gerações, tivemos a EFTA, a CEE, e a nossa endividou-se como loucos e temos a internet? E o que a sua geração vai deixar, pergunta? Empresas descapitalizadas, empresas zombies a usar o parco dinheiro disponível do sistema financeiro, uma banca doente e pior do que tudo, permanentemente a negar o mal dessa doença! Vivemos a um ritmo de doença de 2 em 2 anos, desde 2008, sempre a negar as evidências e, ainda pior, anunciando que o dia anterior é quase de perfeição, solucionando sempre com dinheiros públicos…quiçá por ninguém se mostrar interessado nesses activos! Depois, uma geração que tem a poupança mais baixa da Europa e uma taxa de consumo das maiores!
Uma dívida que entre 1994 cresceu, nos Particulares de 30% para 87% (102% em 2010); nas Empresas de 109% para 245% (actual 225%): na Administração Pública de 61% para 158% (actual 148%), num total do país de 353%, ou seja três vezes e meia a relação para o PIB de 1994!
É evidente que vivemos um período de Aceleração do Crescimento Mundial, de enorme transformação, mas igualmente com Impactos nas Profissões, nas Actividades, nas Perturbações Pessoais, com o factor dos Extremismos a crescer, que não por acaso, nascendo exactamente pelos novos ajustamentos nas sociedades!
Os Extremismos alicerçam-se sempre em dois factores, afirmou:
– Olhando para os custos sem ver os benefícios!
– Culpando sempre os governos, a banca e o capitalismo!
Vivemos uma geração acelerada, cheia de tensões e onde se assiste, já, que o trabalho rotineiro é feito por robots ou por computadores! O topo sempre bem, o meio são as máquinas e o baixo pela deslocalização para a Ásia?
A tecnologia mostra-nos todos os dias avanços espantosos, e as Pessoas, pergunta?
Estamos a criar um ambiente ideal para os Extremismos, sejam de direita ou de esquerda! Já vivemos duas guerras mundiais, esperando que haja juízo para o futuro próximo,
A ACEGE tem respostas a dar, que não as respostas técnicas, como a da dívida, mas as respostas Humanas, em e com Cristo!
Seguiu-se uma fase do diálogo muito interessante desde logo sobre o tema da dívida e se esta se pode considerar virtuosa, como resolver o problema social dos mais pobres e, como cristãos, como superar as desigualdades do alto ao baixo, promovendo dignidade de condições humanas e dignas. Para César das Neves o país, as famílias, as pessoas, socialmente viveu-se melhor considerando que o endividamento não foi corrupto! O problema maior foi o facto de não se ter aumentado a nossa capacidade produtiva já que as infra-estruturas não geram melhorias económicas.
O tema, relevante para os cristãos, das desigualdades e injustiças, existe e vai continuar a existir, pela reintegração dos marginalizados e, como aponta Bento XVI na sua Encíclica Caridade na Verdade, pelo desenvolvimento da economia e pela caridade, na Verdade! O problema não tem solução, temos que lidar com ele! O Papa Francisco chama a atenção para os periféricos, pedindo o apoio, a todos os níveis, para cada qual enfrentar os problemas! Amar o próximo, como próximo, no metro quadrado, como vítima, que não no abstracto ou no planeta, afirmou! Sobre a previsão de termos taxas de crescimento débeis na Europa, respondeu que o mesmo efeito se começa a sentir na China de hoje, crescemos para um nível que não permite crescimentos continuados. Daí que beneficiamos do crescimento da China e temos uma politica de crescimento tecnológico Europeu. Ou seja, acrescentou, apostando não na cadeia produtiva de valor menor, mas sim na cadeia da concepção e da distribuição com maior valor!
A Família, Demografia, que Futuro o nosso? Vamos perder a nossa Cultura Portuguesa?
Se é verdade que no séc.18 e 19 houve uma explosão ao nível do crescimento da espécie, também é verdade que Portugal passou do topo para a base, num quadro brutal da natalidade, com os índices mais baixos da Europa! Também é verdade que a Espanha fora o exemplo dessa quebra do índice para valores da ordem do 1,1 e inverteu essa tendência, o que pode igualmente acontecer entre nós. Vivendo mais anos, o que é um lado positivo, e nascendo menos bebés, numa extrapolação a 2070, seguramente que o país estaria em vias de extinção! E como em Espanha onde, não por decreto mas como uma reacção social, que não por políticas natalistas, tenhamos esperança num panorama de inversão positiva. Querendo-se muda-se rápido e o caminho será o de seguir as boas prácticas de outros países! Ou será que estamos a criar uma geração de solitários?
Outro tema de debate foi sobre o Trabalho, e do “ganhar o pão com o suor do seu rosto” do passado, para a realidade actual! Sem dúvida que vivemos uma geração, onde centenas de milhares de jovens Portugueses emigraram, onde os direitos do trabalho (só para alguns) imergiram, de salários baixos, como que uma maldição do trabalho, em vez de ser uma aposta real à dignidade do trabalho, complementadora da criação e da espiritualidade de Cristo, na Escola e no Trabalho!
A ACEGE tem respostas!