Vivemos um tempo de frustração, enfrentamos uma crise económica resultante em grande parte de decisões que não foram nossas e que teremos que ser nós a suportar. Mas, acima de tudo, vivemos um tempo vazio, sem sentido, em que não encontramos motivação para empreender e desenvolver, em que não somos capazes de assumir o risco e de conviver com o insucesso – e tudo isto está, sem dúvida, ligado com a inexistência de um projecto de vida.
Ao estabelecer um projecto para a minha vida, vários passos terão que ser dados no sentido de me tornar mais autónomo e mais capaz de decidir. Serei levado, em primeiro lugar, a conhecer-me melhor para poder avaliar as minhas capacidades, as minhas ambições e aquilo que de facto me move.
Serei levado também a fazer uma avaliação estruturada do meio em que me insiro e das potencialidades que me são disponibilizadas. Com estes dois passos parto para a minha vida futura mais consciente da realidade em que vivo, não criando falsas expectativas nem sonhos que se revelarão impossíveis.
Serei depois levado a definir quais os objectivos a que me proponho, relativamente ao estilo de vida, estrutura familiar, posicionamento na hierarquia das organizações, áreas de actuação e, naturalmente, importância da estrutura financeira.
Este passo permitir-me-á decidir, no momento de tomar opções, sobre o caminho que melhor contribuirá para atingir os meus objectivos, dando-me uma maior capacidade de decisão e, assim, retirando uma parte importante da frustração que essa mesma decisão me provoca se a tiver de tomar sem saber para onde vou.
Ao mesmo tempo, posso tomar uma decisão com maior risco, uma vez que, ao saber que aquele caminho é o que claramente interessa para o meu projecto de vida, coloco menos em dúvida a assumpção daqueles riscos.
A partir do momento em que passar a implementar o meu projecto de vida vou, sem qualquer dúvida, viver com mais satisfação pessoal, pois passo a saber a razão por que me estou a sacrificar. Não é apenas porque tenho que comer, é também porque estou num caminho para chegar aonde quero.
Mais responsabilidade,maior independência
Também passarei a ter uma capacidade de avaliação do meu desenvolvimento, pois vou controlando a minha aproximação ao objectivo. Naturalmente, haverá momentos de maior sucesso e outros de insucesso – e aqui ganho uma nova capacidade de conviver sem frustração com o insucesso, tornando-se a sua presença mais natural e menos dramática, pois apesar de me afastar do objectivo continuo a saber o meu caminho.
Com tudo isto passaremos a ter pessoas mais responsáveis e capazes de tomar decisões sobre a vida com maior independência, com menos susceptibilidade perante os valores imediatistas. Pessoas com capacidade de usar verdadeiramente a liberdade para fazer aquilo que melhor lhes serve em função de um plano que elas próprias estabeleceram como sendo o melhor para as suas vidas.
No fundo, contribuímos para criar pessoas mais felizes que pensam nas suas vidas e que as utilizam para crescer e para serem cada vez mais pessoas realizadas. Pessoas que contribuirão de uma forma muito positiva para a construção de um país melhor e mais bem preparado para realizar um desenvolvimento que se reveja nos projectos individuais dos portugueses e que os beneficie claramente no caminho.
Este é um projecto que tem que ser nacional, mas que os empresários podem assumir como um projecto que muito os implica. Porque é nas empresas e pelas empresas que passam muitos dos aspectos da vida das pessoas, dependendo por isso também da colaboração dos empresários o maior ou menor sucesso dos projectos de vida de cada um de nós.